quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Humanidade


A estrada apresenta-se assimétrica e empedrada,
seduzindo, distante, um céu cinzento e enublado.
O sol, da Vida, quis perder-se na lua da madrugada
escondendo-se dos sonhos num túnel mortificado.

Lá fora, observo um vulto de tristeza encapotada
desviando o olhar do seu, doloso, caminho traçado.
Paro a dor, e mergulho no outro, qual alma penada,
cogitando: O que mudará este existir dissimulado?

Como viver longe de um, constante, julgar opressor?
A solução passa, apenas, pelo perdão, pela bondade,
e por renunciarmos à castração impiedosa do amor.

Devemos, assim, dar voz à sua singela grandiosidade,
permitindo, pelo exemplo, que ele seja o embaixador
desta benevolente, porém, entorpecida Humanidade.


Fotografia: Paula Silveira da Costa