quinta-feira, 28 de março de 2013

A curva do destino



A curva do destino,
de memórias, será alcatroada.
Vivências de um fim repentino,
despertadas na luz da sua chamada.

A incerteza que o seu acolá confina,
justifica um aqui e agora pleno de felicidade.
Um querer, que para lá da neblina,
se imponha com ousadia a essa dubiedade.

A curva do destino,
será sempre por ti desenhada.
Na folha desse desejo clandestino,
ou na impressão dessa alma fechada.

E por mais que desvies da rotina,
estão traçadas as linhas dessa sinuosidade.
Por isso … vive a vida com a adrenalina,
que alimenta o mistério dessa ambiguidade.


quarta-feira, 27 de março de 2013

Olhares de pedra



Encostado à rigidez da tua pele,
descanso esta mente preocupada.
Penso neste desgosto que repele,
palavras duras que nosso amor impele,
pela penumbra da madrugada.

Olhares de pedra petrificados,
interpretam-me o pensamento.
Frieza de uns olhos desnudados,
que de experiências devastados,
me sussurram esperança como alento.

Navego para lá do horizonte,
perdido na aceção do meu próprio olhar.
Com medo, não os enfrento de fronte.
Observando ao longe a ponte,
que noutros como eu, angústias é obrigada a suportar.

Em breve, sei que partirei,
afortunado por teu amor ter encontrado.
Agradecido serei, por que te encontrei,
por razões que eu próprio não sei.
Interrogações de um eterno apaixonado.


terça-feira, 26 de março de 2013

A passagem para o além



A passagem para o além,
não a conhece ninguém.
Porém.
Imagino-a, assim, verdejante.
Envolta num silêncio errante,
e iluminada por uma dúvida aliciante.
Caminho tapetado por quem,
partindo à priori e, desconhecendo o adiante,
nos recorda como é relevante,
viver numa harmonia que nunca estará aquém.
Sua aura, pinta o céu de brilhante.
Suas palavras, todos os receios apaziguem.
Suas reminiscências trazem algo de relevante,
ao legado de uns esquissos que instruem.
A passagem para o além,
não a conhece ninguém.
Porém.
Descrevo-a, assim, nesta definição hesitante,
tentando honrar, numa tentativa de escrita elegante,
poetas de um talento gigante.
O além, como passagem,
não passará de uma miragem.


segunda-feira, 25 de março de 2013

Na fúria do mar


Revolta. Sinto-a no teu lacrimejar,
de um pranto de sal que reclama por respeito.
Apoderado pelas ondas, insistes em gritar,
mutismos surdos  a quem de direito.

Quiçá um dia te possam escutar,
quando enraivecido levares a preceito,
avisos que insistes em transbordar,
mas que nada vês a ser feito.

E os que os fazem por esquecer,
julgando de ti nada temer.
Desconhecem a pujança desse vociferar.

Mas um dia, aprenderão sem querer,
que a sua surdez os fez perder,
a vida … na fúria do mar.


sexta-feira, 22 de março de 2013

Por um pedaço de pão.



Por um pedaço de pão,
adormecem crianças a sonhar.
Pequena sendo, a palma da sua mão.
Enorme será, o pouco que lá pousar.
Por um pedaço de pão,
seus olhos suplicam de dor.
Imagem que aterroriza o coração,
de quem ainda sente, pelo próximo, amor.

Por um pedaço de pão,
no meu País existem seres humanos a mendigar.
Revoltante, esta forma de privação,
com tanta riqueza passível de partilhar.
Por um pedaço de pão,
sente-se a desgraça de um por favor.
Constrangimento oculto na solidão,
de uma fome, que se revela com pudor.

Por um pedaço de pão,
milhares acordam na ambiguidade,
de querer sair desta ilusão.
E se uns invocam, sem sentir, a solidariedade.
Outros experimentam na ausência da sua razão,
dissabores, apenas, alimentados de crueldade.

Por um pedaço de pão?
Como posso eu não me revoltar,
contra o estado desta nação.
Por um pedaço de pão!
Não posso minha angústia calar,
quando penso nessa simples porção.

Por um pedaço de pão,
acredito que haja muita gente a chorar.
Gente digna que merece mais atenção,
daqueles cuja profissão é governar.

Por um pedaço de pão,
acordam idosos na carência do seu saborear.

Por um pedaço de pão.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Três palavras tuas


Três palavras tuas.
Só três! Pensei eu.
Talvez bastassem duas,
para me levares ao céu.

Palavras simples e cruas,
marinadas pelo apogeu.
Numa valsa entre as línguas,
que o meu desejo moeu.

Provocante, dizes-me ser.
Mulher fatal e provocadora.
Oh! Como queria ser mulher,

para saber o que essa mente quer,
e despir-te nessas palavras, agora,
para na tua mente, eternamente, permanecer.



segunda-feira, 18 de março de 2013

Sou o que sou



Sou o que sou.
Como sou.
Não me guio pelo teu sentir,
a não ser pelo dela.
É a exceção à regra estabelecida.
Uma inspiração de afetos vivida.
Daqui, pela janela,
observo a chuva a chorar.
Uma dor que o chão,
amparando na sua mão,
aqueles pingos se resigna a amparar.
Sou o que sou,
mesmo quando nada te dou.
Outros, limitam-se apenas a seguir.
Antes de levantarem a cancela,
e darem personalidade à sua vida.
Fantoches sorridentes sem saída.
E agora que penso nela,
e nestas palavras que me invadem o pensar.
Recordo a sua orientação,
sabendo que é pela aceitação,
que um dia num Homem te possas tornar.

Sou o que sou.
Mesmo quando nada te dou.
Como sou.