Não me apetece voltar a escrever,
porque não sei mais o que dizer.
A Vida invade-nos de ausência
numa viral e confusa afluência
de presenças trajadas de surdez.
Para quê esse arredado pronunciar
“Não precisas de te preocupar.”
quando é visível a tua frágil nudez.
Essa força de fraca e falsa aparência
irá minar-te a alma sem clemência
numa agonia temperada de acidez.
Entende que a Amizade é poder Estar,
tal como o Amor é saber Respeitar,
e não apenas um símbolo de honradez.
Sinto na garganta vários tipos de nós
que também eu não saberei identificar.
Mas aquele que nos silencia a voz,
aprenderemos, juntos, a desenlaçar.
Entendo, agora, porque não queria escrever.
Afinal sou Eu que preciso de… Reaprender a Viver.
Fotografia: Paula Silveira Costa