quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bicho maldito



Se te apanho desprevenido, bicho maldito,
desfaço-te a meus pés, nas solas do sapato.
Tu que, em silêncio, nos sussurras que o finito,
pode, num ápice, mostrar-nos o seu formato.

Espero que nos meus estejas prescrito,
enterrado, ad eternum, sem desiderato.
Não julgues que é aparecendo incógnito,
que o teu sofrimento se tornará mais sensato.

Bem sei que não só a meus semelhantes,
por mais nobre que fosse o seu caminhar,
te poderias, ao longo de uma vida, apresentar.

Mas acredito que tudo voltará ser como dantes,
porque unidos, contra ti, havemos de lutar,
até esse teu ego impiedoso conseguirmos enterrar.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Momentos inesperados


São as pequenas decisões,
que dão sentido à vida.
Pequenos gestos meus,
que nas devidas percussões,
e sem qualquer contrapartida,
se elevam ao patamar dos teus.

Uma palavra. Um olhar.
Por vezes, uma festa no rosto.
Gestos voluntários,
de uma importância invulgar,
que alimentam com gosto,
todos estes anos extraordinários.
 
Gestos que ganham sentido,
numa longa e desejável duração.
Momentos inesperados,
em que simplesmente te convido,
a ceder à magia da sedução,
para nela entregar nossos corpos algemados.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Erros do passado



Acordo nesta cama depressiva,
que me rouba o sonhar.
Levanto-me sempre na expectativa,
de um trabalho poder encontrar.

Compreendo agora,
os erros do passado,
quando a vida nunca tinha um fim.
Se ao menos tivesse estudado,
outras portas se abririam para mim.

Mas eu vou lutar,
lutar no meu País.
Quero trabalhar,
mas que mal é que eu fiz.

O desemprego é galopante.
A austeridade, uma intrujice.
Querem-me fazer de ignorante,
ao acreditar nesta aldrabice.

E eu não me quero ir embora.
Não quero emigrar,
porque acredito em Portugal.
Mas parem de nos roubar,
senão ainda se vão dar mal.

Mas eu vou lutar,
lutar pelo meu País.
Quero acreditar,
que aqui posso ser feliz..

Mas chegou a hora,
de dizer basta a este saquear,
que carrega sempre no povo.
Está na hora de o País acordar,
para limpos, começarmos de novo.

Mas eu vou lutar,
lutar no meu País.
Quero trabalhar,
mas que mal é que eu fiz.

Mas eu vou lutar,
lutar pelo meu País.
Quero acreditar,
que aqui posso ser feliz.

* Letra inspirada nas palavras amarguradas de uns Amigos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Antecâmaras


Eu hei de estar sempre aqui,
nem que seja apenas para te lembrar.
Que quando perdeste a esperança em ti,
foste tu que à vida quiseste voltar.

Pediste ajuda. Foi o que antevi,
depois de te sentir num constante hesitar.
Hoje aplaudo a pessoa que outrora descobri,
por através da terapia a sua identidade encontrar.

E se precisares de acalmar o desalento,
utiliza as antecâmaras como argumento,
quando a rotina voltar a persistir.

E se sentires necessidade de apaziguar o sofrimento,
procura em ti a força daquele momento,
que te trouxe de volta a vontade de existir.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Nostalgia sussurrada


Imaginando tua voz na minha mente,
observo a tua imagem no meu monitor.
Seguro esse olhar que denuncias na lente,
à espera de captar a essência do amor.
 
O teu tempo entregas à objetiva,
na ânsia de alcançares outra realidade.
Nela esqueces qualquer expetativa,
fotografando o mundo na tua autenticidade.

E apesar de te sentir adjacente,
sentindo-me apenas um teu leitor.
Acredito que é na escrita que se sente,
o que nos grita o nosso, inibido, interior.

Sussurros de uma timidez expressiva,
que resvalam em meus dedos ansiedade.
Bramidos que sinto como prerrogativa,
quando neles encontro a minha identidade.

E se do teu olhar há quem se alimente,
do teu talento respira este autor.
Nas tuas imagens mergulha num mundo diferente.
Nas tuas palavras descobriu a sua inspiração como escritor.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O pensamento tem asas



Para os poetas o pensamento tem asas,
e nas suas palavras descansa o verdadeiro amor.
Senti-las é como caminhar sobre brasas,
quando nelas encontro o meu destemor.

As palavras nunca dececionam quando vêm da alma.
Palavras tão autênticas que nos tornam abstractivos.
Sentimentos que vêm do âmago da palma
até à extremidade de uns dedos expressivos.

Vocábulos que nos servem de mordaças.
Refúgios onde expulsamos todo o nosso clamor.
A sua poesia atravessa as carapaças,
dos que vivem num constante desamor.

A escrita é o elixir que nos acalma,
alcançada, muitas vezes, em processos aflitivos.
Mas ela torna-se o filtro de cada vivalma,
quando nela encontramos uma razão para estarmos vivos.

O pensamento tem asas,
quando nele
as tuas palavras abraças.



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Minha impressão digital


Tua existência é uma dádiva do universo.
Um pormenor de puridade na sua imensidão.
Estrela cadente que neste mundo controverso,
acabou por vir dar luz ao meu coração.

Teu sorriso é um oceano de alegria,
onde o brilho do sol reflete a felicidade.
Nas suas ondas sinto a tua sabedoria,
quando nelas mergulho à procura da genuinidade.

Teu carinho, quando em minha pele submerso,
viaja em mim, como um sonho com sabor a gratidão.
O teu olhar inspira as palavras que este verso
tenta descrever, quando nele afogo a recordação.

E hoje!
Hoje, és a minha impressão digital.
Traço de beleza que, nesta fibra vegetal,
transformo na minha marca de água.
E hoje!
Hoje, és o meu fio condutor vital.
Balança do meu equilíbrio comportamental.
Escudo que me afasta da mágoa.

Na tua singela pureza me disperso.
No teu sorriso me liberto da escuridão.
Por ti, procuro afastar o meu lado controverso.
Em ti, descubro a tolerância que faltava na minha equação.

Devo-te tanto, que esta paz que sinto, é da tua autoria.
E se, por ti serei sempre forte, apenas em ti cedo à fragilidade.
Bênção que através dessa dual e estranha simetria,
me exibe, a cada instante, como é bela a paternidade.


E hoje!
Hoje, és a minha impressão digital.
Traço de beleza que, nesta fibra vegetal,
transformo na minha marca de água.
E hoje!
Hoje, és o meu fio condutor vital.
Balança do meu equilíbrio comportamental.
Escudo que me afasta da mágoa.


E hoje!
Hoje, és a minha impressão digital.
Traço de beleza que, nesta fibra vegetal,
transformo na minha marca de água.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

És hoje, para mim, tudo e nada


Piscas-me o olho, apressada,
voando para os braços do distinto.
Nesse gesto sinto uma charada,
um tique de um provocar extinto.

Mas a memória já não vive em mim.
Deixaste-a simplesmente morrer.
Partiu bem para lá do fim,
naquele dia em que me fizeste esquecer.

Ficaram nossas faces na almofada.
Reminiscências que, hoje, percorrem o labirinto,
desse momento, que de camada em camada,
me cobre a nostalgia de um prazer faminto.

Luta interior, que batalha num frenesim,
por uma paz, penosa de se obter.
Debilidade que tem um paladar ruim,
mas que se reveste num aroma que me faz tremer.

És hoje, para mim, tudo e nada,
num conflito que insiste em permanecer.
No tudo, o teu sorriso faz-me cair na cilada,
desse nada, que intermitentemente procuras viver.

E na dúvida, vais-me respirando assim,
piscando teu rímel e provocando meu instinto.
Coração frágil, embrulhado em cetim.
Seda brilhante onde em paz me sinto.