quarta-feira, 24 de junho de 2015

Descalça por ti



O amor é feito de liberdade,
e sendo esta o órgão mais frágil
que existe na nossa concepção,
acredito que é através da verdade
que se encontra o caminho mais ágil
para se chegar aos imos do coração.

E esse que é tantas vezes apunhalado,
ao ponto de se fundir no silêncio da dor
perturbando os fundamentos da alma.
É aquele que perante o mar revoltado,
faz da poesia autênticas prosas de amor
e entrega ao sol a, única, voz que te acalma.

A vida passa e o tempo finge-se amigo,
enquanto a idade vai-nos trespassando.
Mas afinal, ele não passa de um inimigo
que nos ataca ferozmente… escapando.

Pé ante pé, caminhamos para esse abismo,
pintado de azul e com um suave aroma a sal.
Mas se por cá, dermos asas ao erotismo,
voaremos para lá do horizonte existencial.

E se na sensualidade de cada experiência
sentirmos a fragrância da adolescência
no bater destas ondas onde te acolhi…

… acredita que não é dependência,
mas sim um Amor que se revela por si,
e que perante a finitude, se descalça por ti.

Fotografia: Paula Gouveia

terça-feira, 16 de junho de 2015

Reflexos



O teu corpo tornou-se amo perpétuo do meu,
quando as nossas almas se viram ao espelho.
Reflexos de sentires que a Vida nos ofereceu,
num caminho apenas visível a infravermelho.

E nessa frequência onde acercámos o céu,
deixaste em mim, em forma de conselho,
a certeza de que é possível sentir o apogeu,
mesmo que o agora se perca neste quelho.

De pé, jornadeias pelo aperto das decisões,
num tapete que se revela oculto e cintilante.
Alternando entre as bases, seguras emoções,

agradecida pelo luto de se seguir adiante.
No teu silêncio, fotografaste os nossos corações,
para te recordares desse ontem único e aliciante.

Fotografia: Paula Gouveia