O amor é feito de liberdade,
e sendo esta o órgão mais frágil
que existe na nossa concepção,
acredito que é através da verdade
que se encontra o caminho mais ágil
para se chegar aos imos do coração.
E esse que é tantas vezes apunhalado,
ao ponto de se fundir no silêncio da dor
perturbando os fundamentos da alma.
É aquele que perante o mar revoltado,
faz da poesia autênticas prosas de amor
e entrega ao sol a, única, voz que te acalma.
A vida passa e o tempo finge-se amigo,
enquanto a idade vai-nos trespassando.
Mas afinal, ele não passa de um inimigo
que nos ataca ferozmente… escapando.
Pé ante pé, caminhamos para esse abismo,
pintado de azul e com um suave aroma a sal.
Mas se por cá, dermos asas ao erotismo,
voaremos para lá do horizonte existencial.
E se na sensualidade de cada experiência
sentirmos a fragrância da adolescência
no bater destas ondas onde te acolhi…
… acredita que não é dependência,
mas sim um Amor que se revela por si,
e que perante a finitude, se descalça por ti.
Fotografia: Paula Gouveia