sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O silêncio é a trela da utopia


O silêncio é a trela da utopia,
quando nele a agonia repousa.
Se o escutares encontrarás a sabedoria,
que nas entrelinhas te grita: Ousa!

Ousa ser grande. A Vida é mais que uma paisagem.
E acredita que jamais, em tempo algum, estarás sozinho.
Sente-te. Sente… através destas palavras de coragem,
como um poema pode mudar o rumo de um caminho.

Caminho que deves percorrer, se to indica o coração.
Esse órgão irracional que tanto nos causa dor.
E em paz, descobre que a solidão dessa prisão,
não passa de um fantasma que te assombra o amor.

O amor que sabes que a tua alma sente,
independentemente das escolhas que possas fazer.
E escuta-te, pois só tu sabes o que se passa nessa mente,
e procura, nesse silêncio, alcançar o teu verdadeiro ser.

Fotografia: Paula Gouveia

A crença da nossa alma não deve nunca de secar


A cegueira é o tormento de uma noite escura,
onde ninguém se consegue movimentar.
É como se visses a vida numa constante agrura,
fechando as portas a quem te quer, deveras, contemplar.

Coloca sobre olhos uma faca e rasga uma abertura.
Verás que o sangue que escorre irá estancar,
na alegria de veres o mundo sem qualquer armadura.
E crê! Porque a crença da nossa alma não deve nunca de secar.

Quando um ser humano carrega os seus demónios.
Eles começam, indiscriminadamente, a dominá-lo,
ao ponto de o levar ao suicídio coletivo dos neurónios.

Mas quando ele se liberta, sem medo, do estrondo do abalo.
A Vida apaixona-se e contrai, per sí, novos matrimónios,
mostrando-lhe que o amor deve ser livre, e não um mero vassalo.

Fotografia: Paula Gouveia
 

Ler-te


Saber como te sentes, através da escrita.
Ler-te, no piscar do olhar, o pensamento.
Sentir o teu Amo-te sem um palavra ser dita.
É a essência desta vida, escrita, a cada momento.

É escutar o pulsar desse coração no meu peito.
Observar a ternura dessa voz, ao me fixar na minha.
É viver num sentimento que me rasga sem jeito,
e marca esta pele que, sem ti, se sente sozinha.

É enrolar-me no teu corpo quente,
e sentir a força dessa alma contida.
É passar os dedos nesse cabelo ausente,

em sonhos que me acalmam no presente.
É ter a certeza de saber, que és a minha vida.
A única a quem me entregarei cegamente.

Fotografia: Paula Gouveia

Saudades de te olhar o olhar


Saudades do teu olhar.
Da profundidade do amor
que ele revela por mim.
Saudades de um estar,
que encantou este interior,
e o faz ansiar por um fim.

Saudades de não chorar,
por uma proximidade constante,
que o tempo teima em atrasar.

Saudades de um abraçar,
que me vaza a tensão,
num aperto cheio de sentimento.
Saudades de me afundar,
nas profundezas daquela fusão,
que justifica qualquer ato ciumento.

Saudades de deixar de te amar,
nesta inconstância arrogante,
para te viver na plenitude do respirar.

Saudades de te olhar o olhar.

Fotografia: Paula Gouveia

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Choro as palavras que não digo


Choro as palavras que não digo,
e engulo o sentimento que as desfaz.
Amar, começa na confiança de se ser Amigo.
A Amizade, na liberdade de se amar em paz.

Escutar a alma pode ser o melhor porto de abrigo,
como aquele abraço, longínquo, sem tecto, e voraz.
Pode ser aquele vislumbre do toque dessa pele onde me castigo,
ou uma força invisível que me tornará cada vez mais sagaz.

Escrevo as lágrimas que carpido,
perante este mar, onde a tua alma conheci.
Mar que me tornei, quando nela fiquei retido.

Aqui, a areia é a pele mais suave que circunscrevi.
A tua… onde nela pude sentir a vida e o seu sentido.
Aqui, sinto quem sou. Aqui, e só aqui. Mesmo sem ti.

Fotografia: Paula Gouveia

Toda a água do mar não chega


Toda a água do mar não chega,
para aliviar o peso que trago no peito.
Apenas a luz (pouca) do sol me aconchega,
quando no horizonte te revejo no meu leito.

Preso a um sentimento puro de amor,
que perante o respeito se desapega.
Vivo, vazio e doente, neste constante ardor,
que me condiciona o respirar e desassossega.

Tornei-me amigo intimo da dor,
mesmo que não a deseje por direito.
Vale-me a clarividência e o rigor,
de, em ti, amado, me sentir perfeito.

Estou cansado deste estado que já não carrega,
a beleza de uma alma desenhada a preceito.
Porque em mim, vivo numa lembrança que cega,
mas que sabe e sente que será sempre o eleito.

Fotografia: Paula Gouveia

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

As saudades fazem-me voar


As saudades fazem-me voar,
nas asas de um unicórnio de ferro.
Sobre as nuvens apresso-me por chegar,
aos braços onde alcanço a paz e me enterro.

Rasgo o algodão doce do luar,
enquanto te amo na brusquidão de um berro.
Saboreio lembranças na efemeridade desse gritar,
sentindo que este amor não se trata de um erro.

E relaxo, na turbulência desta despressurização,
enquanto me desvio da rota do anoitecer,
na sensação que me tiras o chão.

Dou por mim a aterrar na superficie de um viver,
que encontrou na profundidade do teu coração,
a razão de um amor que não pára de crescer.

Fotografia: Paula Gouveia

Na sombra de um sol adormecido


Sinto agora que depois de te beijar,
naquele local exposto ao sentido,
que te expões à vida a cada raiar,
na sombra de um sol adormecido.

Sentir a vida através desse olhar,
rebelde, mas ao mesmo tempo tímido.
É como se sentisse a cada despertar,
a raiva de um mar feroz, porém contido.

Oh! Vida, como me beijas tão bem,
nessa doçura tão meiga e delicada.
Tu, e só tu, sabes ser uma boa mãe,

aconselhando-me sempre, que do nada,
se obtém o tudo, mesmo que se fique sem,
esse beijo de uma eterna apaixonada.

Fotografia: Paula Gouveia

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Será que chego a ver o amanhã


Será que chego a ver o amanhã?
Será que o consigo alcançar?
Ou será que a vida me apanha,
antes de eu a poder, de novo, beijar.

Viver, hoje, para mim, é uma façanha.
Digna de uma frase difícil de soletrar.
Mas se o amanhã, de esperança, se entranha,
talvez, hoje, seus lábios volte a encontrar.

Doces como o néctar dos Deuses, diria,
se alguma vez o tivesse provado.
Resta-me sonhar e viver este dia,

na memória vã, desse sabor açucarado.
E se no amanhã acordar, que esta estadia,
valorize a dádiva de continuar a ser amado.

Fotografia: Paula Gouveia

Nas asas de um gigante


Partiste nas asas de um gigante,
enquanto acordava para a rotina.
Partiste perante um amanhã inquietante,
vivendo num hoje envolto em neblina.

Partiste numa altura significante.
Num tempo, que o próprio tempo mina.
Partiste, para que num silêncio pensante,
enchesses o depósito, da vida, de gasolina.

Partiste, sem nunca partir, desse local,
especial, que se encontra hermeticamente,
fechado, à espera dessa chave vocal.

Palavra que me invade diariamente, a mente.
E me envolve o coração de uma paz natural,
aguardando pela hora de te ouvir dizê-la livremente.

Fotografia: Paula Gouveia

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Sorrisos rasgados de medo


Ultimamente tenho pensado
tanto neste assunto nauseabundo,
que me pergunto como é que a humanidade
pode descer a um nível tão fundo.
Revelo-vos, por aqui, a minha perplexidade.
A violência doméstica parece estar na berra,
seja ela de natureza física ou psicológica.
Todos os dias saem noticias deste tipo de guerra,
como se fosse uma doença bacteriológica.
Mas que tipo de sociedade é esta,
em que as mulheres são pertences de um alguém.
Mas será que na nossa floresta,
o ser humano não entende que ninguém é de ninguém.
Eles matam ao tiro ou à facada,
para virem os vizinhos vociferar
que nunca desconfiaram de nada.
Inventam-se acidentes ou envenenamentos,
sem na verdade, pouca gente se preocupar,
na génese deste tipo de comportamentos.
Quando nesta putrefacta sociedade existe
todo um tipo de chantagens e persuasões
camufladas em sorrisos rasgados de medo.
Não posso deixar de me insurgir e sentir triste,
com todo este tipo de inusitadas situações,
que se começam a vulgarizar
como se, a vida, ou a mulher, fosse um brinquedo.
Confesso, isto começa-me a perturbar.
Bem sei que é uma violência sem género,
e que cada vez mais há exemplos no masculino.
Mas também sei que o seu ímpeto é muito mais austero,
na vida de tantas mulheres e na definição do seu destino.
Leio que é algo que já se verifica no namoro,
e que começa a tomar contornos alarmantes.
Mas que educação é esta, vestida de dormência.
Será que os exemplos em casa são assim tão abundantes?
E se isto começa a acontecer na adolescência,
quantas raparigas já viverão num silencioso choro.
O ser humano não é educado para sentir rejeição.
Mas porra, será que o conceito de Liberdade,
é assim tão difícil de se entender.
Basta um pedido de divórcio ou uma mera separação,
para de imediato, o tal amor supremo de autenticidade,
se revelar no monstro que a ele o quererá prender.
É a velha história do amor e do apego.
O amor diz: quero que sejas feliz,
enquanto que o apego grita: quero que me faças feliz.
Quero. Posso. Mando. Como se o outro fosse seu.
Mas que raio.  Respeitem-se. Respeitem o outro.
Aquele, ou aquela, que da sua vida tanto vos deu.
E pronto, desculpem lá o desabafo,
mas apeteceu-me cuspir esta bola de pêlo.
Que um dia, esta vergonha tenha um ponto final no parágrafo,
e que sem utopia, termine de vez este tipo de flagelo.
Amar é muito mais que estar com.
É muito mais que respeitar.
É muito mais que ter saudade.
É sentir dentro de si o dom,
de ao outro tudo saber dar,
na solidão da sua própria liberdade.
Amem-se.

As filhas da Esperança


Acordo de noite, suado, a pensar,
nos sonhos que me invadem sem avisar.
Deixam-me momentos. Sinto a pele a arrepiar,
na certeza de que o ontem foi um mero suspirar.
Lembro-me de ti, e recordo os meus tempos de criança,
quando em mim, cultivava, o teu nome, querida Esperança.

Hoje, sei que tens a coragem e a indignação,
como filhas perante a tua, mais intima, definição.
E se, com uma, não devo aceitar as coisas como estão,
com a outra, aprendo, que a renovação está na minha mão.
Lembro-me de ti, e recordo-me da nossa dança,
quando em mim abraçavas o sabor dessa mudança.

És tão determinada perante as amarguras da vida,
que me agarro a ti, interiormente, como ponto de partida.
E avanço, tentando almejar a felicidade perdida,
e não perder mais tempo numa, passada, mágoa sentida.
Sinto-te em mim, e apesar de toda a minha perseverança,
não me posso iludir, pois sei que o meu nome, para ti, é Lembrança.

Fotografia: Paula Gouveia

Nos acordes de um destino


É no agora que vives a vida.
Aquela que se apagará num segundo,
antes da viagem sensorial pelo teu mundo.
Aquela que pelos teus deve ser respeitada,
se decidires dar a esta, vida, uma chicotada.
Dor profunda silenciada.
Harmonia ameaçada pelo rastilho.
Desejo eterno de um dia ser amada,
pela essência e não pelo trilho.
Vontade de finalmente seres vivida.
Na plenitude de um amor puro,
livre da clareza desse escuro,
que te impede de viver o Teu futuro.

Porque te sujeitas a tanto?
Se o Amor finalmente te encontrou.
Porque te sujeitas a esse pranto?
De respeitar a quem o respeito te ocultou.
Porque me sujeito Eu a tanto?
Porque me amas por aquilo que sou.

É no agora que vives a vida.
Aquela que te deram o condão de habitar,
nos acordes de um destino que se quer alterar.
Aquela que apenas tu podes dirigir,
sob a batuta de um amor que não desistirá de te cobrir.
Manto bordado a ternura.
Música cantada em segredo.
Nas pontas dos meus dedos descrevo a loucura,
nas grainhas que se escondem no interior do medo.
Liberta  essa existência contida.
Rasga do corpo os pontos dessa cicatriz.
Escuta o coração e segue o que ele te diz,
pois nunca é tarde para voltares a ser feliz.

Porque te sujeitas a tanto?
Se o Amor finalmente te encontrou.
Porque te sujeitas a esse pranto?
De respeitar a quem o respeito te ocultou.
Porque me sujeito Eu a tanto?
Porque me amas por aquilo que sou.

Não te sujeites mais.
Não te sujeites jamais.
Não mereces viver sob pressão.
Não te sujeites, por favor,
a não ser apenas ao amor,
que te escrevo nesta canção.

Fotografia: Paula Gouveia

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Linguagem Corporal


Há pessoas que não amam, absorvem,
pois julgam que amar é dar, para poder possuir.
Existem outras, porém, que amando nem dormem,
vivendo a vida em utopia, por terem medo de se assumir.

O desapego é algo que se deve enraizar desde jovem,
pois é na felicidade individual que o amor deve evoluir.
Nela, florescerá uma cumplicidade, entre a Mulher e o Homem,
que facilmente a luz ao fundo do túnel há de sobressair.

Quando se impõe algo, na firmeza de uma postura,
do outro há um afastamento imediato e natural,
que pode levar ao fragmentar da mais robusta fissura.

Acreditem, que confiar é acreditar, sabendo que nada se sabe afinal.
É perceber, no incondicional, que o outro deve viver sem armadura,
para que o amor enxugue a lágrima reflectida pela linguagem corporal.

Fotografia: Paula Gouveia

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O silêncio é o único amigo que não me desilude


O conforto de um lado da vida,
a magia no outro, e o amor nos dois.
É um labirinto em que a única saída,
se esconde no ofuscar de vastos sóis.

No fundo, Viver, é a única alternativa que valida,
a razão para falar de mim, através de quem sois.
Falo de ti, sobre mim, numa mescla atrevida,
e deixo, iludido, a racionalidade para depois.

Apeteceu-me, invocar-te, porque me sinto abandonado,
numa solitária, onde tu és a chave, desta agitada quietude.
És quem, através da condicionalidade, me mostra o lado,

desta maravilhosa e fascinante vida, que amiúde,
me revela uma verdade que me deixa resignado:
O silêncio é o único amigo que não me desilude.

Fotografia: Paula Gouveia