domingo, 28 de dezembro de 2014

Tu para mim...


Tu para mim... és e existes...
e isso é e encerra tudo em si.
E eu gosto-te e amo a tua essência,
e aquilo que não vês,
e desconheces em ti.
Palavras que persistes,
em deixar por aqui,
nessa infantil e mágica aparência.
Palavras encarceradas na nudez,
deste coração que, por ti, de amor despi.
Fotografaram-te para memória futura.
Escrevo-te para neste agora recordar.
Arrepia ver nesse olhar a criança pura,
a quem tudo dei e que nunca deixarei de amar.
Do sorriso fazes a tua assinatura,
que numa ingénua rebeldia gostas de invocar,
cativando o mundo nessa singular candura.
Tu para mim... és o respirar de cada dia.
O arrepiar de pele que nunca quererei perder.
És o poema que fotografo em alegria,
quando te escrevo por esta lente do querer.
Tu para mim... és a magia.
Fotografia: Paula Gouveia

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Não se amarra nem devasta quem se ama


Apetece-me dedicar-te um sentido pensamento,
dando-lhe o ênfase que apenas à poesia compete.
Nada interiormente teu e muito menos copiado da net.
Apenas meu, mas que se revela no teu comportamento.

Escutas. Conversas. Mas não queres saber do argumento.
Pedes respeito numa surdez amarrada por um colete,
desrespeitando, à força, quem a teu lado se repete…
pedindo-te, reciprocamente, um amor sem julgamento.

À distância, parece que és tu que não a sabes respeitar.
Apenas te é confortável olhar para ela, de noite, na cama.
Para ti. Por dependência. Nessa tua, singular, forma de amar.

Porque não duvido que a ames nesse tão próprio melodrama,
o que te dedico é o desejo de te ver parar para pensar,
porque, a meu ver, não se amarra nem devasta quem se ama.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Fechadura da memória


Eu tentei,
dar ouvidos ao coração,
mas o teu não se quis escutar.
Perdeu-se no labirinto da razão,
com medo do destino enfrentar.
Desistindo do amor e do seu lugar,
vagueia imperfeito no meio da multidão,
sabendo que em mim pode encontrar,
aquela Alma companheira que no seu coração,
Eu deixei.

Eu tentei,
seguir o trilho da Verdade,
desde o principio desta infinita estrada.
De mentira, o tudo se fez nada,
plantando em nós as sementes da saudade.
Parece que o futuro sofreu de ansiedade,
e permitiu que a vida fosse aprisionada.
Caminhando, vai-se libertando na vontade,
sentindo a afeição genuína que em si marcada,
Eu deixei.

E assim partiu, numa razão cega que lhe mentiu,
um amor que me levou pela mão e depois fugiu.
Para ser. Para existir. Para viver.

Eu tentei,
e percebendo os contornos desta história,
deixarei sempre entreaberta a tua porta.
Ao longe, espreito a definição dessa trajetória,
desejando-te a Felicidade numa angústia que corta.
E nesta visão que de respeito se torna absorta,
termino esta canção numa agraciada glória.
Em ti, ficará o sangue de uma promessa morta,
que nesta, infinda, fechadura da memória,
Eu deixei.

E assim partiu, numa razão cega que lhe mentiu,
um amor que me levou pela mão e depois fugiu.
Para ser. Para existir. Para viver.

E assim partiu, numa vontade que lhe retraiu
o amor, que seu coração, em liberdade, descobriu.
Para ser. Para existir. Para poder viver.

Simplesmente partiu…

Fotografia: Paula Gouveia

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Garra


O teu sorriso estridente de menina,
é semelhante aos acordes de uma guitarra.
Sorriso que na pauta da Vida se tornou a cocaína,
inalada nessas notas viciantes que a ti me amarra.

O teu abraço, mesmo que exíguo, expulsa qualquer neblina,
e ilumina-me a alma na sumidade dessa singular gambiarra.
O teu olhar sorri, mesmo que feches a cadeado a sua retina,
e a tua personalidade se revele na satisfação dessa garra.

Sei de cor essa expressão que diariamente
acompanha a cadência do meu respirar.
Nas tuas vergonhas mostras-te eloquente,

tornando-se impossível não te querer amar.
E mesmo não estando, sinto-te sempre presente,
no sangue que nestas veias insiste em circular.

Fotografia: Paula Gouveia

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Adormeci aqui


Tenho tantas saudades tuas.
Tantas que te fotografei duas luas.
Diz uma lenda que o sol e a lua
sempre foram muito apaixonados,
mas que não podiam ficar juntos.
Pois a lua, uma das que agora é tua,
só nascia quando o sol adormecia.
Mas Deus ao vê-los desencontrados,
decidiu no meio dos seus assuntos,
pensar numa solução que os uniria,
e juntou esse amor na beleza de um eclipse.
Para que assim todo o mundo visse,
que o amor puro pode existir,
por mais que o tentem dividir.
O amor existe e existirá em nós.
E se algum dia me falhar a voz,
escrever-te-ei através da fotografia,
o que a minha alma guardou um dia.
A distância permite a saudade,
mas nunca o esquecimento.
E por isso, te a relembro na verdade,
daquele que é o mais puro sentimento.
Sabes… partiste demasiado cedo,
mas deixaste em mim um rochedo,
que resiste a qualquer tipo de erosão.
Tão cedo que levaste de mim o medo
da morte que residia neste coração.
Mas partiste, e em mim ficou a recordação,
dos momentos que a vida, numa vida, me deu,
e que eu revivo, quando só, encontro o meu Eu.
Porém, pressentindo que um dia te reencontrarei,
digo-te que sei que o meu amor viverá sempre em ti.
Certeza ancorada nas palavras deste livro que encontrei.
Palavras que o meu coração ouvirá do teu,
quando no próximo eclipse olhar para o céu,
e na brisa daquele momento uno… escutar: adormeci aqui.

Fotografia: Paula Gouveia

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A fuga


Foges na direcção do desconhecido,
na melodia desse sorriso maroto.
Para trás deixas um olhar renascido,
na lembrança de um amor devoto.

Num clique, capto esse afeto numa foto,
que por ti nunca se tornará foragido.
Através da lente dedico-te este voto,
jurando te amar num para sempre sentido.

Por agora, registo a tua inóspita fuga,
numa correria que anseio não te fazer cair.
Dela, despertaste o nascer de uma jovem ruga,

que ao pensar que um dia terás de partir,
gostava de viver num tempo tartaruga,
para viver cada segundo desse belo sorrir.

Fotografia: Paula Gouveia


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Não Desistas


Penso em ti, frágil, nessa alma prisioneira,
amparada por esse corpo adormecido.
A tua face deve revelar uma máscara ligeira,
enquanto te sorris num olhar presente e dorido.

Sei que te sentes dentro de uma ratoeira,
onde até esse sorriso se sente comedido.
Mas não desistas, por mais que a Vida te queira
Levar antes do teu dever cumprido.

Combate esse tempo, com a tua vontade.
Luta contra esse néscio que te mina o interior,
e que não te permite viver em liberdade.
Faz da força dos que te vivem o teu adamastor.
E sente na determinação dessa, só tua, tempestade,
a coragem que precisas para lhes dares o teu amor.

Bem sei que daqui, sinto algo bem diferente,
dessas dores que tanto te atormentam o espírito.
Sei que não sei o que se passa nessa mente,
mas escrevo-te para que não desistas do conflito.

Mas não desistas. Nunca desistas deste infinito,
por mais que, por momentos, o trates sem prioridade.
Agarra-te ao Amor dos Teus e sente como ele é bonito.
Mas não desistas. E escrevo-te nesta sentida apelabilidade,
para que não esmoreças e sintas este abraço escrito.

Por favor, Não Desistas.

*Dedicado aos meus e aos vossos que de forma estóica lutam contra a doença.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Quando a vida te despertar


Quando a vida te despertar,
como me despertou a mim.
Um dia de cada vez quererás levar,
com a noção de que tudo tem um fim.

Até partires desta belíssima aventura,
Vive a tua liberdade com dignidade.
Vive a Vida de forma simples e pura,
acrescentando bondade à humanidade.

Não morras em vida, numa aparente existência.
Existe! Vivendo, dentro do que procuras ser.
Na tua força interior, encontra o caminho da resiliência,
e nunca permitas que te condicionem o querer.

O amanhã nunca será garantido,
por mais que julgues que ele vai lá estar.
É no hoje que deves amar quem te é querido,
antes que seja tarde demais para o demonstrar.

Quando a vida te despertar,
como me despertou a mim.
A alma responderá ao teu questionar,
a razão do porquê ao mundo vim.

Quando a vida te despertar!
Espero que ainda vás a tempo de ver a luz brilhar.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O silêncio é a trela da utopia


O silêncio é a trela da utopia,
quando nele a agonia repousa.
Se o escutares encontrarás a sabedoria,
que nas entrelinhas te grita: Ousa!

Ousa ser grande. A Vida é mais que uma paisagem.
E acredita que jamais, em tempo algum, estarás sozinho.
Sente-te. Sente… através destas palavras de coragem,
como um poema pode mudar o rumo de um caminho.

Caminho que deves percorrer, se to indica o coração.
Esse órgão irracional que tanto nos causa dor.
E em paz, descobre que a solidão dessa prisão,
não passa de um fantasma que te assombra o amor.

O amor que sabes que a tua alma sente,
independentemente das escolhas que possas fazer.
E escuta-te, pois só tu sabes o que se passa nessa mente,
e procura, nesse silêncio, alcançar o teu verdadeiro ser.

Fotografia: Paula Gouveia

A crença da nossa alma não deve nunca de secar


A cegueira é o tormento de uma noite escura,
onde ninguém se consegue movimentar.
É como se visses a vida numa constante agrura,
fechando as portas a quem te quer, deveras, contemplar.

Coloca sobre olhos uma faca e rasga uma abertura.
Verás que o sangue que escorre irá estancar,
na alegria de veres o mundo sem qualquer armadura.
E crê! Porque a crença da nossa alma não deve nunca de secar.

Quando um ser humano carrega os seus demónios.
Eles começam, indiscriminadamente, a dominá-lo,
ao ponto de o levar ao suicídio coletivo dos neurónios.

Mas quando ele se liberta, sem medo, do estrondo do abalo.
A Vida apaixona-se e contrai, per sí, novos matrimónios,
mostrando-lhe que o amor deve ser livre, e não um mero vassalo.

Fotografia: Paula Gouveia
 

Ler-te


Saber como te sentes, através da escrita.
Ler-te, no piscar do olhar, o pensamento.
Sentir o teu Amo-te sem um palavra ser dita.
É a essência desta vida, escrita, a cada momento.

É escutar o pulsar desse coração no meu peito.
Observar a ternura dessa voz, ao me fixar na minha.
É viver num sentimento que me rasga sem jeito,
e marca esta pele que, sem ti, se sente sozinha.

É enrolar-me no teu corpo quente,
e sentir a força dessa alma contida.
É passar os dedos nesse cabelo ausente,

em sonhos que me acalmam no presente.
É ter a certeza de saber, que és a minha vida.
A única a quem me entregarei cegamente.

Fotografia: Paula Gouveia

Saudades de te olhar o olhar


Saudades do teu olhar.
Da profundidade do amor
que ele revela por mim.
Saudades de um estar,
que encantou este interior,
e o faz ansiar por um fim.

Saudades de não chorar,
por uma proximidade constante,
que o tempo teima em atrasar.

Saudades de um abraçar,
que me vaza a tensão,
num aperto cheio de sentimento.
Saudades de me afundar,
nas profundezas daquela fusão,
que justifica qualquer ato ciumento.

Saudades de deixar de te amar,
nesta inconstância arrogante,
para te viver na plenitude do respirar.

Saudades de te olhar o olhar.

Fotografia: Paula Gouveia

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Choro as palavras que não digo


Choro as palavras que não digo,
e engulo o sentimento que as desfaz.
Amar, começa na confiança de se ser Amigo.
A Amizade, na liberdade de se amar em paz.

Escutar a alma pode ser o melhor porto de abrigo,
como aquele abraço, longínquo, sem tecto, e voraz.
Pode ser aquele vislumbre do toque dessa pele onde me castigo,
ou uma força invisível que me tornará cada vez mais sagaz.

Escrevo as lágrimas que carpido,
perante este mar, onde a tua alma conheci.
Mar que me tornei, quando nela fiquei retido.

Aqui, a areia é a pele mais suave que circunscrevi.
A tua… onde nela pude sentir a vida e o seu sentido.
Aqui, sinto quem sou. Aqui, e só aqui. Mesmo sem ti.

Fotografia: Paula Gouveia

Toda a água do mar não chega


Toda a água do mar não chega,
para aliviar o peso que trago no peito.
Apenas a luz (pouca) do sol me aconchega,
quando no horizonte te revejo no meu leito.

Preso a um sentimento puro de amor,
que perante o respeito se desapega.
Vivo, vazio e doente, neste constante ardor,
que me condiciona o respirar e desassossega.

Tornei-me amigo intimo da dor,
mesmo que não a deseje por direito.
Vale-me a clarividência e o rigor,
de, em ti, amado, me sentir perfeito.

Estou cansado deste estado que já não carrega,
a beleza de uma alma desenhada a preceito.
Porque em mim, vivo numa lembrança que cega,
mas que sabe e sente que será sempre o eleito.

Fotografia: Paula Gouveia

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

As saudades fazem-me voar


As saudades fazem-me voar,
nas asas de um unicórnio de ferro.
Sobre as nuvens apresso-me por chegar,
aos braços onde alcanço a paz e me enterro.

Rasgo o algodão doce do luar,
enquanto te amo na brusquidão de um berro.
Saboreio lembranças na efemeridade desse gritar,
sentindo que este amor não se trata de um erro.

E relaxo, na turbulência desta despressurização,
enquanto me desvio da rota do anoitecer,
na sensação que me tiras o chão.

Dou por mim a aterrar na superficie de um viver,
que encontrou na profundidade do teu coração,
a razão de um amor que não pára de crescer.

Fotografia: Paula Gouveia

Na sombra de um sol adormecido


Sinto agora que depois de te beijar,
naquele local exposto ao sentido,
que te expões à vida a cada raiar,
na sombra de um sol adormecido.

Sentir a vida através desse olhar,
rebelde, mas ao mesmo tempo tímido.
É como se sentisse a cada despertar,
a raiva de um mar feroz, porém contido.

Oh! Vida, como me beijas tão bem,
nessa doçura tão meiga e delicada.
Tu, e só tu, sabes ser uma boa mãe,

aconselhando-me sempre, que do nada,
se obtém o tudo, mesmo que se fique sem,
esse beijo de uma eterna apaixonada.

Fotografia: Paula Gouveia

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Será que chego a ver o amanhã


Será que chego a ver o amanhã?
Será que o consigo alcançar?
Ou será que a vida me apanha,
antes de eu a poder, de novo, beijar.

Viver, hoje, para mim, é uma façanha.
Digna de uma frase difícil de soletrar.
Mas se o amanhã, de esperança, se entranha,
talvez, hoje, seus lábios volte a encontrar.

Doces como o néctar dos Deuses, diria,
se alguma vez o tivesse provado.
Resta-me sonhar e viver este dia,

na memória vã, desse sabor açucarado.
E se no amanhã acordar, que esta estadia,
valorize a dádiva de continuar a ser amado.

Fotografia: Paula Gouveia

Nas asas de um gigante


Partiste nas asas de um gigante,
enquanto acordava para a rotina.
Partiste perante um amanhã inquietante,
vivendo num hoje envolto em neblina.

Partiste numa altura significante.
Num tempo, que o próprio tempo mina.
Partiste, para que num silêncio pensante,
enchesses o depósito, da vida, de gasolina.

Partiste, sem nunca partir, desse local,
especial, que se encontra hermeticamente,
fechado, à espera dessa chave vocal.

Palavra que me invade diariamente, a mente.
E me envolve o coração de uma paz natural,
aguardando pela hora de te ouvir dizê-la livremente.

Fotografia: Paula Gouveia

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Sorrisos rasgados de medo


Ultimamente tenho pensado
tanto neste assunto nauseabundo,
que me pergunto como é que a humanidade
pode descer a um nível tão fundo.
Revelo-vos, por aqui, a minha perplexidade.
A violência doméstica parece estar na berra,
seja ela de natureza física ou psicológica.
Todos os dias saem noticias deste tipo de guerra,
como se fosse uma doença bacteriológica.
Mas que tipo de sociedade é esta,
em que as mulheres são pertences de um alguém.
Mas será que na nossa floresta,
o ser humano não entende que ninguém é de ninguém.
Eles matam ao tiro ou à facada,
para virem os vizinhos vociferar
que nunca desconfiaram de nada.
Inventam-se acidentes ou envenenamentos,
sem na verdade, pouca gente se preocupar,
na génese deste tipo de comportamentos.
Quando nesta putrefacta sociedade existe
todo um tipo de chantagens e persuasões
camufladas em sorrisos rasgados de medo.
Não posso deixar de me insurgir e sentir triste,
com todo este tipo de inusitadas situações,
que se começam a vulgarizar
como se, a vida, ou a mulher, fosse um brinquedo.
Confesso, isto começa-me a perturbar.
Bem sei que é uma violência sem género,
e que cada vez mais há exemplos no masculino.
Mas também sei que o seu ímpeto é muito mais austero,
na vida de tantas mulheres e na definição do seu destino.
Leio que é algo que já se verifica no namoro,
e que começa a tomar contornos alarmantes.
Mas que educação é esta, vestida de dormência.
Será que os exemplos em casa são assim tão abundantes?
E se isto começa a acontecer na adolescência,
quantas raparigas já viverão num silencioso choro.
O ser humano não é educado para sentir rejeição.
Mas porra, será que o conceito de Liberdade,
é assim tão difícil de se entender.
Basta um pedido de divórcio ou uma mera separação,
para de imediato, o tal amor supremo de autenticidade,
se revelar no monstro que a ele o quererá prender.
É a velha história do amor e do apego.
O amor diz: quero que sejas feliz,
enquanto que o apego grita: quero que me faças feliz.
Quero. Posso. Mando. Como se o outro fosse seu.
Mas que raio.  Respeitem-se. Respeitem o outro.
Aquele, ou aquela, que da sua vida tanto vos deu.
E pronto, desculpem lá o desabafo,
mas apeteceu-me cuspir esta bola de pêlo.
Que um dia, esta vergonha tenha um ponto final no parágrafo,
e que sem utopia, termine de vez este tipo de flagelo.
Amar é muito mais que estar com.
É muito mais que respeitar.
É muito mais que ter saudade.
É sentir dentro de si o dom,
de ao outro tudo saber dar,
na solidão da sua própria liberdade.
Amem-se.

As filhas da Esperança


Acordo de noite, suado, a pensar,
nos sonhos que me invadem sem avisar.
Deixam-me momentos. Sinto a pele a arrepiar,
na certeza de que o ontem foi um mero suspirar.
Lembro-me de ti, e recordo os meus tempos de criança,
quando em mim, cultivava, o teu nome, querida Esperança.

Hoje, sei que tens a coragem e a indignação,
como filhas perante a tua, mais intima, definição.
E se, com uma, não devo aceitar as coisas como estão,
com a outra, aprendo, que a renovação está na minha mão.
Lembro-me de ti, e recordo-me da nossa dança,
quando em mim abraçavas o sabor dessa mudança.

És tão determinada perante as amarguras da vida,
que me agarro a ti, interiormente, como ponto de partida.
E avanço, tentando almejar a felicidade perdida,
e não perder mais tempo numa, passada, mágoa sentida.
Sinto-te em mim, e apesar de toda a minha perseverança,
não me posso iludir, pois sei que o meu nome, para ti, é Lembrança.

Fotografia: Paula Gouveia

Nos acordes de um destino


É no agora que vives a vida.
Aquela que se apagará num segundo,
antes da viagem sensorial pelo teu mundo.
Aquela que pelos teus deve ser respeitada,
se decidires dar a esta, vida, uma chicotada.
Dor profunda silenciada.
Harmonia ameaçada pelo rastilho.
Desejo eterno de um dia ser amada,
pela essência e não pelo trilho.
Vontade de finalmente seres vivida.
Na plenitude de um amor puro,
livre da clareza desse escuro,
que te impede de viver o Teu futuro.

Porque te sujeitas a tanto?
Se o Amor finalmente te encontrou.
Porque te sujeitas a esse pranto?
De respeitar a quem o respeito te ocultou.
Porque me sujeito Eu a tanto?
Porque me amas por aquilo que sou.

É no agora que vives a vida.
Aquela que te deram o condão de habitar,
nos acordes de um destino que se quer alterar.
Aquela que apenas tu podes dirigir,
sob a batuta de um amor que não desistirá de te cobrir.
Manto bordado a ternura.
Música cantada em segredo.
Nas pontas dos meus dedos descrevo a loucura,
nas grainhas que se escondem no interior do medo.
Liberta  essa existência contida.
Rasga do corpo os pontos dessa cicatriz.
Escuta o coração e segue o que ele te diz,
pois nunca é tarde para voltares a ser feliz.

Porque te sujeitas a tanto?
Se o Amor finalmente te encontrou.
Porque te sujeitas a esse pranto?
De respeitar a quem o respeito te ocultou.
Porque me sujeito Eu a tanto?
Porque me amas por aquilo que sou.

Não te sujeites mais.
Não te sujeites jamais.
Não mereces viver sob pressão.
Não te sujeites, por favor,
a não ser apenas ao amor,
que te escrevo nesta canção.

Fotografia: Paula Gouveia

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Linguagem Corporal


Há pessoas que não amam, absorvem,
pois julgam que amar é dar, para poder possuir.
Existem outras, porém, que amando nem dormem,
vivendo a vida em utopia, por terem medo de se assumir.

O desapego é algo que se deve enraizar desde jovem,
pois é na felicidade individual que o amor deve evoluir.
Nela, florescerá uma cumplicidade, entre a Mulher e o Homem,
que facilmente a luz ao fundo do túnel há de sobressair.

Quando se impõe algo, na firmeza de uma postura,
do outro há um afastamento imediato e natural,
que pode levar ao fragmentar da mais robusta fissura.

Acreditem, que confiar é acreditar, sabendo que nada se sabe afinal.
É perceber, no incondicional, que o outro deve viver sem armadura,
para que o amor enxugue a lágrima reflectida pela linguagem corporal.

Fotografia: Paula Gouveia

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O silêncio é o único amigo que não me desilude


O conforto de um lado da vida,
a magia no outro, e o amor nos dois.
É um labirinto em que a única saída,
se esconde no ofuscar de vastos sóis.

No fundo, Viver, é a única alternativa que valida,
a razão para falar de mim, através de quem sois.
Falo de ti, sobre mim, numa mescla atrevida,
e deixo, iludido, a racionalidade para depois.

Apeteceu-me, invocar-te, porque me sinto abandonado,
numa solitária, onde tu és a chave, desta agitada quietude.
És quem, através da condicionalidade, me mostra o lado,

desta maravilhosa e fascinante vida, que amiúde,
me revela uma verdade que me deixa resignado:
O silêncio é o único amigo que não me desilude.

Fotografia: Paula Gouveia

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Tinhas razão!


Conhecer todos os cantos de um poço circular,
é a melhor forma de conversares com a solidão.
Arestas onde encontrarás um silêncio no respirar,
que te permitirá escutar o grito mudo do coração.

Se lhe puderes dizer adeus por um dia…
Um dia que seja. Fá-lo, e verás quão belo é o acordar.
E nessa visão, liberta-te dessa falsa alegoria,
de achares que a desilusão, será o que irás provocar.

Nos cantos do meu silêncio, consegui observar,
que caminhas por um trilho, de dor e, sem solução.
Com estas palavras, procuro a tua mente abraçar,
para que percebas que a mudança está na tua mão.

Escala pedra a pedra as paredes da tua, intrínseca, alegria,
e brevemente descobrirás um novo Eu, que te vai agradar.
Acredita que o livro da tua vida, só pode ser da tua autoria,
e que só dentro de ti, surgirá a vontade para um novo caminhar.

Reinventa-te. Reescreve as próximas folhas. Aprende a rabiscar.
Mas faz algo por ti. Porque esta vida são dois dias. Oh! se são.
Mas, Acredita. Voltarás a sorrir. E eu, pacientemente, saberei esperar,
para sentir a fragilidade dos teus braços a gritar: Tinhas razão!


* Poema dedicado a um dos MEUS. Abraço-te ;)

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Sai daí


Os defeitos de carácter revelam-se na passagem
de um tempo que nos faz pensar porque o vivemos.
Estes instalam-se, julgando que nos faltará a coragem,
de os largar, esperando que para sempre os suportaremos.

É um facto que vivemos numa sociedade miragem,
onde se julga ver o que muitas vezes não existe.
Onde é raro sentirmos no silêncio da aragem,
um grito que nos faça voar para além de um estar triste.

Sai daí. E deixa de ser a personagem,
de uma narrativa ditada por outro querer.
Liberta-te. Não te importes de ser selvagem,
se nesta selva de julgamentos tiveres de sobreviver.

Por vezes vive-se num estado de camuflagem,
disfarçando atritos da personalidade que construiremos.
Mais tarde. Talvez tarde. Damos por nós a seguir viagem,
numa estrada onde nunca estivemos.

São estas as alturas de se ter uma nova abordagem,
perante a vida e o que para ela previste.
São estes os momentos de viragem,
que te mostrarão o quanto te obstruíste.

Sai daí. Carrega na embraiagem,
e mete a mudança que te fará viver.
Arranca e vai fazer uma nova rodagem,
e que a vida não te volte a adormecer.

Sai daí. Esse não é o local para ti.


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Apeteces-me


Apeteces-me, neste momento.
Neste preciso e único instante.
Apeteces-me, num olhar atento,
em cada sinal desse corpo aliciante.

Apeteces-me, naquele desejo ciumento,
quando te vejo com outro homem diante.
Apeteces-me, neste distante sofrimento,
de saber que só mais logo te terei perante.

Apeteces-me, num amor que tem crescido,
apesar de, por vezes, se revelar miudinho,
num pudor tímido, sincero, mas aguerrido.

Apeteces-me, porque é neste imenso carinho,
que te vou amando e sendo agradecido,
por comigo continuares a trilhar o, nosso, caminho.


sexta-feira, 2 de maio de 2014

A Amizade não precisa de palavras


A Alma gosta de profundidade.
Gosta da pureza do sentimento.
Alimenta-se da verdadeira Amizade,
mesmo que a viva no distanciamento.

É uma espécie de catalisador,
que nos estimula a vontade de sorrir.
É o óleo que nos engrena no motor,
partículas que nos impedem de desistir.

A Alma é a nossa melhor confidente,
quando transformamos a distância em doença.
Mas se a Amizade, em silêncio, gritar: presente,
não existe melhor elixir para te aliviar a descrença.

Pois Amigo, é aquele que entende a verdade,
daquele olhar que gritamos sem razão ou argumento.
É aquele que nos ama, mesmo na impossibilidade,
de nos poder ajudar, na presença, do momento.

E se a Amizade limpa as lágrimas desse amor,
é na Alma que petiscamos a essência desse sentir.
Juntemos ambos, e passemos a apreciar o seu sabor,
e nessa união, encontremos a, devida, força para agir.

A Alma entende a Amizade, porque sabe escutar a mente,
mesmo numa turbulência limpa de períodos de convalescença.
Aprendeu que os Amigos são anjos na sua forma aparente,
e que é no seu silêncio que se vive a sua omnipresença.

E porquê? Simplesmente, porque a Amizade não precisa de palavras.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

A vida apresenta-se


A vida apresenta-se calma, mas fugidia,
enquanto escrevo dentro desta, forçosa, caixa.
Nas suas paredes, observo um branco de abadia,
enquanto te sinto na voz a fadiga da maré baixa.

Escuto-te sem te ouvir uma palavra sequer.
Falo-te sem emitir qualquer tipo de ruído.
Mas sinto… que aquilo que a vida requer,
não é mais, do que um viver, de afetos construído.

Aqui sozinho, não sei o que o hoje me traz,
mas sei, que tudo farei para o ver a sorrir.
Em breve, espero dar-lhe alguma paz,
mas para isso, preciso daqui sair.

Respiro e agradeço por te ter no meu dia a dia,
e de ser, também, uma Alma que não se rebaixa.
Seguro… sigo resiliente nesta estrada luzidia,
e faço do seu todo, o meio, como a minha faixa.

Pela direita, ou por uma esquerda qualquer,
hei de encontrar o cruzamento devido.
Aquele que me desviará para o que o meu Eu quer,
sem se preocupar se o desvio é merecido.

Neste Hoje e neste Agora, aquilo que me apraz,
é sentir dentro de mim, o teu coração a florir.
É ouvir-te dizer: que nem tens ideia do lugar onde estás,
sabendo que sempre lá estarei, para lá do teu existir.

A vida apresenta-se imprevisível, mas bela, tal como ela é.
Que estas palavras desagúem no teu areal, e te elevem o estado da maré.
A vida, talvez, se apresente melhor amanhã. Haja fé.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Metades tripartidas



Hoje, tal como ontem, tive-te por inteiro,
em metades tripartidas pela faca do viver.
Existi. Fui Eu. E consegui ser o primeiro,
por mais que fosse o último no adormecer.

Acordei algures em ti, a tentar entender,
a razão de ser deste teu fiel companheiro.
A alimentar-me da fatia que me faz ver,
para além da solidão de um faroleiro.

Compreendo tudo, nesta sabedoria do nada,
porque, ser e estar, é a minha ambição,
nesta longa e profícua caminhada.

Amanhã! Dar-te-ei, totalmente, a mão,
para que juntos, numa entrega apaixonada,
demoraremos uma eternidade até expurgar a sensação.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Pensamento Pessoal

Quando conseguires escutar os clamores do teu silêncio, estarás pronto para falar ao coração de alguém.


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Bolachas de Amizade



Na vida, por vezes, perde-se a verdade,
que residia em nós, ao longo da adolescência.
Aquela pureza do sentimento em saciedade,
por nos revelar como é bom amar na ausência.

Apresente-se ele, ou não, sobre a forma de saudade,
devemos alimentar-nos deste galinhar de carência.
Aprender a saborear a leveza destas bolachas de amizade,
e enchermos com elas a barriga da nossa existência.

Amizade. Amor. Admiração. Tudo sensações singulares,
que os seres humanos se esquecem de viver,
distraídos pela pressa de ocupações capsulares.

A verdade, é que passamos muito tempo a querer ter,
quando na realidade, basta apenas estimulares,
esse coração que em ti reside, desejoso de sentir e oferecer.


sexta-feira, 21 de março de 2014

O Ontem. O Hoje. O Amanhã.


O Ontem já acabou.
O Hoje está a acabar.
O Amanhã fica à minha espera.
E assim vivo, no quem sou,
desconhecendo se este lugar,
não passará de uma, ilusória, quimera.

O Ontem. O Hoje. O Amanhã.
São meros estados de um querer em anemia.
São sentires que te mostram pela manhã,
quando te desejo viver durante todo o dia.

O Amanhã dá esperança a quem amou.
O Hoje existe para quem deseja amar.
O Ontem ensina que o amor já era.
E assim me alimento, naquilo que dou,
através da sapiência de nada esperar,
de algo que a própria vida me detivera.

O Amanhã. O Hoje. O Ontem.
Não passam de saudades do que não se viveu.
São expetativas, sombrias, que por mais que se desmontem,
nos pertencem, mesmo que perante o mais iluminado céu.

O Hoje. O Ontem. O Amanhã. Pertencem aos fragmentos da sua, intemporal, hora.
São momentos que se apoderam da mente, mas que nos ensinam a valorizar o Agora.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Café à beira mar



Se encontrares alguém que esteja disposto a largar tudo por ti,
preserva-a no teu coração, e valoriza-a porque isso é felicidade.
Abraça-a para sempre, porque pessoas assim não abundam por aí.
Pessoas que perante os caminhos da Vida, te oferecem a sua liberdade.

Pergunta-te! Será que Felicidade não é mais do que isto que construí?
Desafia-te a sair da tua zona de conforto e arrisca-te a ter vontade.
Vontade de procurares Ser, no teu Viver, e de sair… sair daí.
Para mim! Ser Feliz! não é mais do que viver na verdade da minha identidade.

Deixa-te de lamúrias e procura no sol, uma luz para te iluminar.
Bronzeia-te na sua energia e nela aprende a elevar a tua moral.
Inspira. Sorri. Foca-te na tua força interior e pára de procurar.

Pois a Felicidade deverá ser algo que te acompanhará até ao final.
Ela vive em ti. Saboreia-a, mesmo que num simples café à beira mar.
Aprende a sentir-lhe o cheiro e dá-lhe um sentido imortal.