quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Amárgoa


"Amar magoa" suspirou-me a água
num lavar de face através da alma,
num lavar de face repleto de calma.
No espelho lacrimejava-se a mágoa
de um coração vencido pela calma,
de um coração desolado na alma.

Nada como a perceção da realidade
refletida numa dual máscara de dor.
Da luz discorriam, na sua velocidade,
sentires doridos por aquela verdade
que cega e imola a essência do amor.

Os olhos, tal como o tempo, não iludem.
Basta ouvi-los no silêncio da reflexão.
Os meus ferem-se quando se seduzem
nas horas que lhes vestem a imaginação.

Os teus, anseiam pelo que não mente
num amanhã enraizado de quietude
perante esta vida que segue em frente.

Nos nossos senti a vontade de crescer
na convicção do passado se esquecer.


Do vapor da Vida, chorei-te no espelho: Amárgoa!