quinta-feira, 19 de maio de 2016

Perfeito vazio



Os dias passam e nunca mais vejo,
O dia em que me irei ver livre de ti.
Sinto-te repulsa apesar do despejo
que, de ti, dou à mente, aqui ou ali.

E se no cansaço, te alento no bocejo,
na união de um nós uno, eu te aboli.
Resignado! Vivo para além do desejo
e fortaleço o Ser que me colocou aqui.

E se o mal vem da genética que herdas
deve ser triste viver nesse perfeito vazio,
déspota, que nos causou tantas perdas.

Cego, nesse tão teu galopante fastio,
acabas por não passar de um merdas,
seu neoplasma asqueroso e doentio.


Fotografia: Paula Silveira Costa

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Há dias assim


O sonho é a futilidade do limiar
para o abismo do subconsciente.
É uma nuvem na solidão do mar
que vagueia no silêncio da mente.

Sem sol, deixei de querer sonhar
neste lugar nebuloso e abstinente.
Inerte! cheiro a brisa do tempo passar
embriagando a alma num olhar ausente.

Mas estes são os dias em que se cresce.
Os dias que transparecem a dor do fim
num momento que nos isola e adoece.

Dias que deves dizer à vida que estás afim
e na gratidão desse amor que não desvanece
exarar no pontão da memória: Há dias assim.



Fotografia: Paula Silveira Costa