sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sepulto esta dor


Sepulto esta dor que me faz chorar,
pela ausência que sinto da tua presença.
Num lágrima, ressuscito a imagem
que pretendo, para sempre, emoldurar.
Resistente a tremores de descrença,
e à falta de chão em cada aterragem.

Quando em ti irrompo, sinto-me a voar,
nas asas da magia, da bênção, da nascença.      
Sinto que, sem ti, perco a engrenagem,
que me liga à máquina que me produz o sonhar.
Teu sorriso é a única cura para a minha doença.
O único antídoto para esta paixão selvagem.

Sepulto, por hoje, esta dor que me faz vacilar,
perante a depressão e a convalescença,
e que me tira ao humor toda a sua voltagem.
Sepulto, porque sei que irei teus olhos beijar,
e neles ditar-te em palavras, esta malquerença,
de nunca te poder amar, para além dessa portagem.

Barreira, que nos impede de imputar
ao amor, a sua verdadeira omnipresença,
nesta estrada que proíbe a ultrapassagem.
Caminho que, juntos, resolvemos caminhar,
e que se na loucura ganha vantagem,
na realidade, apresenta-nos a sua sentença.

Sepulto esta dor.
Ansioso pelo teu amor.


terça-feira, 28 de maio de 2013

Quando te sinto


Quando te sinto em mim,
o tempo compõe um poema, sem saber escrever.
As árvores sentem o meu frenesim,
e perante palavras eternas, espiam o nosso querer.

Quando me sinto em ti,
o tempo pára, sem morrer.
As nuvens presenciam que te despi,
num olhar que se esconde para se ver.

Quando nos sinto em nós,
o tempo escorre sem correr.
Os pássaros tagarelam a uma só voz,
numa melodia incapaz de descrever.

Quando te sinto, simplesmente.
O tempo desnuda-se sem saber.
Revelando-se num beijo, que consente,
a libertação de um amor, que tem tanto para oferecer.

Quando te sinto.
Quando me sinto.
Quando nos sinto.
O teu anseio torna-se meu aliado,
soltando esse doce corpo labiado,
para um prazer que só se sente saciado,
apenas, quando te sinto.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

A força da fragilidade de uma flor



Como é que uma coisa tão frágil,
pode dar tanta força e determinação?
Falo-vos do sorriso que uma flor débil,
me causa neste inusitado coração.

No seu perfume torno-me ágil,
inspirado pela beleza da sua criação.
Na sua pureza torno-me hábil ,
para escapar à sedução da desfloração.

Na sua essência inspiro a saudade,
que me guia pelos trilhos da loucura.
Na sua delicadeza observo a verdade,

que me desperta, no traços da sua candura,
e me eleva a alma à ilusão dessa feminidade,
que me seduz na floração da tua ternura.


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sinto-me sozinho


Sinto-me sozinho…
sem a tua voz a sair
das palavras que me escreveste.
Sinto-me sozinho…
na vontade de nossos lábios sentir,
num desejo, encantadoramente, agreste.

Sinto-me sozinho…
Por saber que a tua intenção,
em tudo se assemelha à minha.
Sinto-me sozinho…
Por teres recuado por alguma razão,
nessa masmorra onde te sentes sozinha.

Sinto-me sozinho…
sem esse misterioso sorrir,
que no meu âmago se veste.
Sinto-me sozinho…
cada vez que te sinto partir,
sabendo o quanto me tiveste.

Sinto-me sozinho…
Por não te poder entregar meu coração,
nas noites em que o amor se avizinha.
Sinto-me sozinho…
sempre que te dou a mão,
sem poder fazer de ti a minha rainha.

Sinto-me sozinho…
perante esta dura retidão.
Sinto-me sozinho…
na escuridão desta solidão.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Vontade despida


Pões-me a vontade despida,
de respeito, nas pontas dos dedos.
Colocas-te em estado possuída,
quando te libertas dos medos.

És selvagem e desinibida,
a desnudar-nos nestes enredos.
Escolhas atadas perante a vida,
que se escondem entre segredos.

Possuis-me entre parágrafos desprendidos,
de obrigações imorais de moralidade.
Na mente, somos amantes desconhecidos,

entre suores libertos de sensualidade.
No toque, torna-mo-nos poetas adormecidos,
à espera do acordar desta penosa realidade.



sexta-feira, 17 de maio de 2013

Quase


E assim me deixaste …
ancorado nas profundezas de um êxtase,
que me apresentou as portas do quase.

Ai! Como desejo lá entrar,
para sentir o indescritível,
nas curvas desse corpo aprazível.
Sozinha! Partes em direção ao mar,
com vontade de aos meus braços voltar.
Sensações que não se escrevem numa só frase.
Impossível de descrever esse quase.

E agora que foste, mas não partiste.
Sinto que tiveste coragem de me beijar.
Sei que tudo de mim quiseste apreciar.
Mas presa, a essa vida que construíste,
existe uma trepidez que persiste,
e tendo no respeito, a sua base,
te impede de viver este quase.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Um rasgar do interior


Tenho o dom de com palavras sentidas,
te rasgar, devagarinho, o interior.
Não passam de sensibilidades assertivas,
que me elevam a um patamar superior.

Desses efeitos, fico sempre com dúvidas,
se serão secundários ou o mais puro amor.
Incertezas, de certa forma, incontidas,
mas que me infestam de pavor.

Perto de ti, mas ocultado pela distância,
anseio que desligues com um amo-te,
em palavras trajadas de elegância.

Na minha timidez, codifico um desejo-te,
em piadas vestidas pela circunstância,
e despeço-me, rasgando-te, de novo, com um quero-te.


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Não tenho noção


Não tenho noção do que te digo.
Não tenho noção do que te escrevo.
Apenas sei que quando estou contigo,
sinto que sou mais que um amigo,
e que de ti, há sempre algo que levo.

Não tenho noção do que te faço sentir.
Não tenho noção do que te consigo dar.
Apenas sei que tu me fazes sorrir,
e que na altura de te ver partir,
é imensa esta vontade de te beijar.

Não tenho noção do perigo dessa vontade.
Não tenho noção da dimensão do seu prazer.
Apenas sei que em mim bate a saudade,
sempre que me invade esta vulnerabilidade,
que me desabriga, perante a determinação de te ter.

Mas de uma coisa tenho noção!
Tenho noção que te entreguei o meu coração…


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Prostituto de Luxo


De luxo, assim me sinto o teu prostituto.
Aquele que te dá prazer, sem nada de volta querer.
Porém, sinto-me preso na inveja desse substituto,
que me toma o lugar a cada anoitecer.

Bem sei! que cada um com o seu estatuto,
e o dele, é ter-te no silêncio do amanhecer.
O meu, não passará de ser aquele fruto,
que trincado, te levará ao enlouquecer.

Sou a tua maçã da perdição.
Uma espécie de sana loucura.
Juntos! A verdade perde a razão,

e o medo perderá a armadura,
que nos amarra a paixão,
transformando-se numa doce aventura.


terça-feira, 7 de maio de 2013

Ao raiar do dia


Envolvo-te em mim, ao raiar do dia,
com o aroma dos pinheiros, como perfume.
Um pássaro faz-se notar pela sua acrobacia,
enquanto se esconde no seu verdume.
Encantado, canta-te notas de alegria,
numa balada onde revela o seu ciúme.
A mim, interrompe sempre a melodia,
que tento sussurrar-te num suave volume.

Até os pássaros, mais envergonhados, te desejam amar.
Mulher traçada pelos Deuses da sedução.
As árvores, sobre ti, as sombras ambicionam afastar,
para que o sol mostre ao mundo a beleza da tua feição.
Perto de ti, a vida para e o tempo aprende a descansar.
Cada intervalo de cada segundo, contigo, é uma bênção,
e é na memória desse momento que pretendo aqui registar,
o despertar da mais bela porção do meu, teu, coração.

Tu fazes-me sorrir, chorar, mas acima de tudo ser.
Ser aquilo que sinto que sou, num afeto de cumplicidade.
No silêncio do teu escutar, aprendo sempre que o querer,
poder ser vivido… esquecendo o bramido da ansiedade.
Nada é mais belo que este amor, cristalino no seu nascer.
Do teu, respiro a eternidade na transparência da verdade,
que no meu, me ensina a contemplar este viver,
e a respeitar os princípios desta, imortal, amizade.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Amor!!!


Afinal, simplesmente acontece.
Tomou-me, sem dúvida, de frente,
aparecendo do todo, de um nada, de repente,
numa pega de afetos, que até a dor se esquece. 

Chega e para tudo, com a força de uma prece.
Sem medos, nem porquês. Acontece simplesmente.
É doido. Selvagem. Avassaladoramente irreverente.
É tão meigo e tão terno que vida sem ele padece.

Faz-me levitar na intimidação do seu chegar.
Faz-me acreditar na magia deste desejar,
que me faz dele o seu compositor.

Faz-me pensar que com ele posso abandonar,
as dúvidas que outrora me faziam vacilar.
Afinal, simplesmente acontece. O Amor!!!