quinta-feira, 26 de julho de 2012

Obrigado Avós


Hoje comemora-se o dia dos Avós.
O dia dos que fazem, sempre, a vontade aos netos.
Seres imaculados que tanto fizeram por nós,
mesmo que fossemos os traquinas mais irrequietos.

Educadores, de uma vontade feroz,
que através dos seus olhares discretos,
nos foram ensinando a alimentar a voz,
para um dia sermos indivíduos mais completos.

Com eles, aprendemos a crescer,
mesmo nas horas da eterna lição,
em que um castigo nos cortava a ambição.

Obrigado por tanto nos terem dado, sem nada querer,
a não ser um amor que vos enchesse o coração,
e que mostrava à vossa felicidade a perfeição.

Obrigado Avós.


* Dedicado:
  À minha Avó Alice, que Deus te conserve muitos anos, velhota.
  À minha Avó São, que tanto me ralhou e ao seu jeito me amou.
  Ao meu Avô Manel, que tanto me ensinou (aiiii as meninas do polisuper eheheh)
  Ao meu Avô Chico, que nunca cheguei a conhecer, mas que me deu a mãe mais querida do mundo e arredores.
  À minha mãezinha linda e à D. Lurdes por serem as melhores avós que os meus filhos podiam ter.
  A ti, querido Pai, e ao Avô do Céu, por estarem sempre presentes para os vossos netos.
  A vocês, um grande bem haja, estejam onde estiverem ... pois já chega de lamechices ; )


quarta-feira, 25 de julho de 2012

25 anos de estrada



25 anos de estrada,
acompanhados por amigos.
Vamos tocando por tudo e por nada,
só para vos despertar os sentidos.

Em Janes criámos os Ténis Bar,
sonhando por um ideal de adolescência.
Após tantos anos a tocar, para vossas vozes despertar,
já não suportamos viver sem a vossa comparência.

Vossas vozes são o elixir da juventude,
desta banda que, com humildade, vos agradece.
E é essa alegria e atitude,
que nos motiva e nunca nos envelhece.

E por vós continuaremos esta caminhada,
cantando temos novos ou antigos.
Transmitindo em cada palavra cantada,
sensações que nos manterão entretidos.

Cantem connosco sem parar, devagar,
a 100 à hora ou na vossa cadência.
Mas cantem, porque é o prazer de vos ouvir cantar,
a razão da nossa, persistente, existência.

Vossas vozes são o elixir da juventude,
desta banda que, com humildade, vos agradece.
E é essa alegria e atitude,
que nos motiva e nunca nos envelhece.
E é essa alegria e atitude,
que nos motiva e nunca nos envelhece.
E é essa alegria e atitude,
que nos orgulha e nos envaidece.


* Singela homenagem aos 25 anos de carreira dos Ténis Bar.


terça-feira, 24 de julho de 2012

Para além do que vejo


Para além do que vejo,
e observo enquanto me escutas,
reparo na força do teu desejo,
em me ajudares nas minhas, internas, disputas.

Recebes-me sempre com um beijo,
usando a paciência e o sorriso como batutas,
numa orquestra em que o saber é o traquejo,
de uma maestrina que orienta os seus recrutas.

Hoje. Falo de ti. Escrevo para mim. Escuto a vida.
Através de desassossegos que me encobriam a saída.
Através de silêncios que me entorpeceram anos a fio.

Amanhã. Estarei mais preparado para a aventura.
Encontrando no silêncio a abertura,
para a tranquilidade, que me fará vencer este desafio.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Sorriso encapotado


Eu sorri.
Sorri!
Um sorriso encapotado,
por saber que o meu triste fado,
é ser, pelo teu falso apetecer, enganado.
Eu sorri.
Sorri!
Por um tempo, por ti passado,
nas desculpas algemado,
à espera de um hoje justificado.
Eu sorri.
Sorri!
Imaginando teu corpo mergulhado,
no meu, em que pelo sol enamorado,
aguarda pelos banhos da lua para ser amado.
Eu sorri.
Sorri!
Por julgar que tinha sido enviado,
um sinal de um livre arbítrio obstinado,
que em forma de amor queria ser apresentado.
Eu sorri.
Sorri!
Da incerteza de um querer acabado,
que só a cegueira  o mantém acordado,
adormecendo-o num desejo carenciado.

Eu sorri?
Sorri.
Um sorriso que já esqueci.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Só para te ter comigo, aguento este castigo.


Tenho vivido, com o intuito de os dois agradar,
sem alguma vez em mim pensar.
Agora que, finalmente, me descobri,
começo a ver o quanto eu perdi.
Gozei a vida, sem a vida gozar,
perdido numa luta que, sei agora, nunca quis lutar.

Quem diz a verdade não merece castigo,
mas eu prefiro mentir para te ter comigo.
Só para te ter comigo, aguento este castigo.

Saber que finalmente te descobri,
no recôndito de uns versos que nunca escrevi.
Dá-me força para finalmente começar,
pelo fim, daquele começo que nunca ousei terminar.
E arranco, rumo à vida que nunca vivi,
desafiando-a a ler em mim, palavras que eu nunca li.

Quis fazer de ti um porto de abrigo,
enfrentando, sem medo, qualquer perigo,
pois só para te ter comigo, aguento qualquer castigo.

Não são os opostos que se atraem, sem avisar.
São as diferenças que se completam, para ludibriar,
as semelhanças que não desejo ver em ti,
ou o medo de viver naquele passado, em que me iludi.
Será que é assim que pretendo continuar?
Combatendo por uma alma, que sei que nunca irá ganhar?

E mesmo que acordado, durma com o inimigo,
sei que tu serás sempre um ombro amigo.
E só para te ter comigo, aguento este castigo.

E agora que vives em mim, apenas porque de ti não desisti,
sinto que cheguei ao fim, da paciência com que me cobri.
Manto de resiliência, que dia a dia te pude dar,
na esperança da tranquilidade em ti encontrar.
Expetativas que, mal ou bem, eu geri,
ancorado em palavras que desde pequeno eu ouvi.

Quem diz a verdade não merece castigo.
Palavras que definem a integridade que persigo.
E só para te ter comigo, aguento este castigo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

A falácia do espantalho


Tal qual, como um espantalho,
boneco feito de roupas velhas e chapéu,
que usa os trapos e a palha como agasalho,
permanece apático aos olhos do céu.

Ela utiliza-o como seu porto de abrigo,
quando necessita de dar guarida à excitação.
Esquecendo-se que naquele disfarce de mendigo,
existe alguém, que de noite, se cansa com tanta exaltação.

Aos olhos do sol, ele queixa-se com um carvalho,
centenário, sobre o facto de ser apenas um troféu,
para aquela cotovia, inteligente, que faz de si o seu galho,
e que provocando-o no seu linguajar, nunca acaba por levantar o véu.

Sobre o pestanejar da lua, ela quere-o consigo,
para lhe mostrar, no escuro, a sua camuflada atração.
Sabendo que ele sofrerá, quieto e em silêncio, o eterno castigo,
de um pousar calculista, trilhado para aliviar a sua erotização.

E quando a madrugada cerra, acompanhada pelas gotas do orvalho,
ela foge, voando sem avisar. Como se ele fosse o réu,
dessa fuga desesperada, que na desculpa procurará um atalho,
para encurtar o fim de um amor que nunca foi o seu.

É a falácia do espantalho que vive contigo,
quando debandas, perdida em aflição.
Grita o homem de palha, inerte no seu jazigo,
indefeso, perante a dor do seu coração.


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Dúvidas de um leitor


A dúvida de quem escreve,
só se esclarece na leitura do semelhante.
Anseio que promete ser breve,
mentindo, numa espera angustiante.

Tenta-se através de uma mensagem leve,
que não julgue, nem seja arrogante,
alcançar o coração de quem  nossas palavras susteve,
através de um exercício cada vez mais distante.

Perdeu-se o hábito de se ler,
num tempo dominado pela televisão,
onde nos deturpam os valores e a visão.

As novas tecnologias vieram para vencer,
ao conquistar, geração atrás de geração,
prazeres condenados numa falsa prisão.



quinta-feira, 12 de julho de 2012

A vida é demasiado passageira


A vida é demasiado passageira,
para andarmos a fugir dela,
e quando tentamos recuperar o tempo perdido,
ou ter vontade de fazer o que não fizemos no passado,
o presente prega-nos uma rasteira ao futuro.
Creio que esta é uma passagem traiçoeira,
apesar de compensadora, valiosa e bela.
E na ilusão de um amanhã ainda não vivido,
julgamos que o agora está conquistado,
esquecendo-nos de o viver, deixando-o no escuro.

Mas claramente, este é um sentimento de algibeira,
que tiramos e voltamos a guardar, a cada rasgadela
de dor, e para a qual o nosso coração não foi construído.
Daí que nos refugiemos na máxima de um pesar curado,
pela passagem de um tempo, desgostoso e muito duro.
Só no sofrimento e na tristeza, sentimos nossa alma carpideira,
pronta a revelar em nós, sentimentos que o medo congela.
Ardis escondidos para afastar esse desagrado dorido,
e que nos permitem continuar num existir desafogado,
mesmo que, de quando em vez, nos derrubem o muro.

Fortaleza que tijolo a tijolo, e à nossa maneira,
construímos, sem portas, mas deixando aberta uma janela.
Ponto de retorno de memórias enriquecido,
ao qual voltamos num habitar amargurado,
quando por ela desejamos espreitar, e relembrar esse passado tão puro.
Uns partem. Outros nascem. Quer se queira, ou não queira.
Clareza de espirito, que gostaríamos de passar sem ela,
quando aos nossos, chega a hora de enfrentar, aquele bicho escondido,
que apesar de ser pelo nosso corpo alimentado,
se torna ingrato, e não nos avisa da chegada desse momento cruel e obscuro.


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Perdes mais do que ganhas


Perdes mais do que ganhas,
dizes, num tom de insegurança.
Tom já gasto, suportado em artimanhas,
que de ti, me faz perder a confiança.
Moves-te como as aranhas,
construindo essa teia com mestrança.
Mas eu conheço bem as tuas façanhas,
e sei quando me preparas para a matança.

Vens na desculpa de quem move montanhas,
quando em meu corpo queres fazer aliança.
Iludes meu escudo, frágil, em subtis manhas,
Escorraçando-o depois, de no teu, exaltares a mudança.
Qual cobra, que mudando a pele, preserva nas suas entranhas,
o alimento da sua curta, mas letal, festança.
Assim és tu, quando nos teus lábios me apanhas,
e me enfeitiças como se eu fosse uma criança.


terça-feira, 10 de julho de 2012

Perdido num jogo sujo


Já te foste embora,
e eu ainda não me apercebi,
que és apenas um reflexo,
do que os meus olhos ainda desejavam ver.

Saíste porta fora,
sem perceberes que o que vivi,
contigo, foi muito mais que sexo,
foi um amor, como nunca julguei ter.

Sempre tiveste uma postura egoísta,
ditando as regras de forma monopolista,
de um jogo, que eu julgava, inconspurcado.

Perdi-o, porque sempre o joguei sozinho,
quando julgava que, em ti, tinha encontrado o caminho,
para aquele amor, que toda a vida, tinha sonhado.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Aquela noite


Conhecem-se há anos.
Conhecem-se muito bem.
Conversam ao cheiro das velas,
que ela delicadamente colocou pela casa,
e põem os olhos no que interessa.
No corpo de cada um.
Falam silenciosamente, desmistificando alguns mitos urbanos.
Sorriem, caprichosamente, receando ser escutados que alguém.
Num longo pestanejar, olham-se, deitando sua vontade entre aquelas tábuas paralelas.
Encostam-se devagarinho, aninhando-se em braços feitos de asa.
Beijando cada pedaço de pele, em paz, sem pressa,
saciando a adrenalina que, sentida em silêncio, lhes era tão comum.

Conversam sobre corpos, almas, filhos, maridos, mulheres e amantes.
Trocam o olhar de quem sente que, nem uma só vez, se voltarão a juntar por aí.
Porque o seu amor é enorme, incondicional, irrequieto e avassalador.
Riem da vida e de si, abraçam-se com o olhar, e encostam-se nas almofadas, bordadas.
Depois, quando a piada convida ao carinho,
o ar torna-se mais leve e os corpos tremem de prazer.
Decidem entregar-se, escutando na brisa do seu aroma, o chamamento dos seus lábios ofegantes.
Adoram beijar-se. Adoram tocar-se. Gritando para seus corações, como é bom estar ali.
Como é bom poder amar quem se quer, e perceber naquele momento, o significado da palavra Amor.
Duas almas que se entregam, contra tudo e contra todos. Duas almas apaixonadas.
O tempo para, correndo mais rápido que o desejado, naquele momento que trilhava o seu caminho.
O tempo avança, ficando parados, sem saber, como é que tanto amor, os acabará por fazer sofrer.

Se ouvissem o coração um do outro,
as suas veias murmurariam,
o que a dor da distância já lhes tinha dito tantas vezes: Amo-te!


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Portugal. Terra dos Sonhos.


Navegando nas ondas das reflexões,
de um cão, com pulgas infestado,
escutei, no incómodo dessas comichões,
um porque não e, resolvi entregar-me ao teclado.

Inspirado por um País que teve num Camões,
um contador de conquistas inflamado.
E uma Florbela, ou um Pessoa, que nas suas multiplicações,
fugia dos seus Eus, entregando à poesia o seu fado.

E na minha, simples, vontade em escrever,
sem me importar com o que vou ganhar ou perder,
atrevo-me, sem preconceitos, a ceder a este evento.
E nesta terra dos sonhos, sem igual,
inspiro-me em todos nós, e num desejo individual,
anseio que todos vós aprendam a apreciar o momento.

Um País que se alimenta de paixões,
ancorado num povo inconformado,
que ultrapassando tantas convulsões,
ergue-se, sonhando, por um Portugal de queixo levantado.

Somos descendentes de gente, que pelas suas ações,
preservou esta terra de sonhos à beira mar plantado.
Gente lutadora, que movida pelas suas convicções,
nos deu o privilégio de viver neste cantinho sossegado.

Um País, sonhador, mas que sempre irá vencer.
Um povo, que no desenrasque aprendeu a viver,
na esperança de um amanhã vivido com alento.
E na nossa, terra dos sonhos, que é Portugal,
lutem pelos vossos sonhos, ajudando este País fenomenal,
e mostrem ao mundo, a nossa resiliência e o nosso talento.



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Não queres, não vás


Não queres, não vás,
dizes-me tu irritada.
E pergunto-me quando irás,
a ser tu, a mal amada.
Recebeste de mão beijada,
um amor envolto em paz.
Transformaste-o à bastonada,
numa dor, de afetos, voraz.

O pior, é que desconfio se valerás,
apena, depois de tanta cacetada.
Começo a acreditar que nunca serás,
a tal, a dona da minha almofada.
Como podes ser tão inusitada,
quando me desejas e a entrega te apraz,
se és tão vulgar, quando numa facada,
esse desejo matas, quando o desejas ver por trás.

Não queres, não vás.
Expelias, evidenciando na calada,
a tua verdadeira vontade. Zás!!!
Essa que num ápice é devorada.
Esquecida. Num canto abandonada.
Por uma alma que se envergonha do que faz.
Por uma alma que se vive, atormentada,
por se mentir, e de me amar, não ser capaz.


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Dores de Crescimento


Noites despertas em sobressalto,
acordadas pela mágoa de um gemer.
Expulsão de dor num tom tão alto,
que te invade o corpo, ansioso por crescer.
São os efeitos desse sustentado salto,
desejo de um rápido florescer.
Como a flor que no cume do planalto,
desperta para a vida quando vê o sol nascer.

Tal como da erupção surge o basalto,
pedra fina que do magna quis arrefecer,
também tu, com a solidez do asfalto,
sentirás esse corpo a rejuvenescer.
Pois sabes que nesta altura nunca te falto,
mesmo que o sono se imponha ao amanhecer,
e massajando o susto a esse sobressalto,
afasto-me, ouvindo o teu sonho a adormecer.


terça-feira, 3 de julho de 2012

Vontade silenciosa de uma partilha uniforme


Num salto quântico,
entre um post no facebook,
e um filme no Hollywood,
aterrei no teu corpo de seda,
e incendiei-o com uma labareda,
de um fogo, freneticamente, tântrico.

Despi-te a blusa, no meio de um sorriso,
tímido, mas inquieto naquele momento,
despertado sem aviso nem argumento.
Ao meu toque, relaxavas com prazer,
massajada pela vontade de me ter,
e de entregares teu corpo ao improviso.

Escuto a vontade ...

De repente, libertaste-o do stress,
dominando-o pelo pescoço,
e mergulhando-o no fundo do poço.
Sentas-te em mim, qual dominadora,
mostrando uma personagem provocadora,
que quer sair de um livro do Herman Hesse.

Qual Sidarta, na sua busca pelo autoconhecimento,
também tu, te vais encontrando no caminho,
mesmo que o percorras serena e devagarinho.
Distraio-me na voz dos atores que dão no nosso canal,
não me apercebendo que eu sou o ator principal,
distraído novamente pelo barulho do vento.

Lá fora, escuto os gritos desse senhor revoltado,
enquanto regresso, ao teu corpo de menina, mulher,
no mesmo segundo, que acabei de perder.
Perdido acabo por ficar eu,
enquanto me vais mostrando o céu,
num balanço, de umas nádegas, apaixonado.

Vontade que se torna silenciosa ...

E o paraíso, pede que o alimente,
enquanto trocamos de liderança,
passando eu a comandar a dança.
Debruçando-te, beijo-te o peito,
enquanto te afagas no nosso leito,
desejosa por me sentir novamente.

Amamo-nos, sem nos apercebermos do fim.
Mascarado nas caretas do deleite,
esperando um papel que o enfeite.
Olhamo-nos, invadidos por um tremor de terra,
que num clique, nosso momento encerra,
mas que de novo te trouxe até mim.

Encontrei ... a vontade silenciosa de uma partilha uniforme.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Não sei se estarei cá nesse dia …


Obrigas-me, pela distância criada, a ser rude,
despertando em mim uma insana histeria.
Sentimento imposto pela tua atitude,
recheada de tiques de sobranceria.

Julgas que serei sempre a alternativa,
quando do outro não te apetecer ter,
aqueles beijos que te fazem sentir viva,
naqueles momentos loucos de prazer.

Estou exausto de me sentir usado,
apenas quando te apetece brincar.
Mais que droga, sinto-me usado,
como o cigarro que se deixa fumar.

Mas eu não sou aquele peluche,
ursinho fofo, que te ajudava a adormecer.
Nem sequer sou o patinho que no duche,
usavas, para na água te entreter.

Sou alguém que merece o teu apreço,
e não esta dualidade de amar.
Incertezas que certamente não mereço,
quando tudo de mim te soube dar.

E parto, na certeza dessa atitude,
escutando na brisa uma melodia,
a firmeza de que fiz tudo o que pude,
sem saber se a ti voltarei um dia.

Não sei se estarei cá nesse dia …


domingo, 1 de julho de 2012

Beijas-me. Tocas-me. Possuis-me num nada.



Um tremer ao portão,
me invade,
quando toco à campainha.
Carrego no rés do chão,
numa saudade,
de te sentir só minha.
Abres a porta receosa,
pedindo-me que entre,
no teu éden de aventura.
A fechadura, tranca-me, melodiosa,
numa dança de ventre,
e num segundo, sinto a tua loucura.
E de repente, mergulho em ti,
através dos teus olhos de criança,
afogando-me nesse lábio hipnotizante.
Viajo então, sem perceber que me perdi,
no desequilibrio de uma balança,
que me gere este amor, tão louco e perturbante.
Sem dar por mim, sinto-me cru,
invadido por um nervoso miudinho,
enquanto te sinto, nas mãos o corpo.
Memórias que tranquei num baú,
e que liberto de mansinho,
enquando te atraco em meu porto.
Seja na cama, na mesa, ou no sofá,
anseio que me encaminhes a alma,
naquele gesto tão doce, tão teu.
E sem te aperceberes, teu corpo cairá,
de uma nuvem sedutora, que te acalma,
junto a um anjo, que te quer mostrar o céu.
Beijas-me. Tocas-me. Possuis-me num nada.
Num tempo onde te perdes na adolescência.
Num espaço onde os filhos não te podem inibir.
Sentes-te Mulher. Amada. Desejada.
Num instinto que te evita a dormência,
e te afasta a mente das tarefas a cumprir.
Perdes-te comigo, nesse poema deserto.
Escrito em dois corpos despidos,
de notas musicais desenhados.
E aquele mesmo tremer, avisa-me que está perto,
soletrando no ofegar dos nossos suspiros,
o fim dessa música a estes seres apaixonados.
Beijas-me. Tocas-me. Sou teu naquele momento.
Rimo-mos. Aprecio teu corpo quente.
E começo a observar-te no olhar,
a antagonia de um sentimento,
que te torna a alma deprimente,
e de ti, num segundo, me começa a afastar.
Ergues-te, sabendo que esta entrega,
trai todas as tuas convicções,
toda a força, do caráter, do teu ser.
Mas oferecer a alma aquele onde ela sossega,
supera a dor de trair os corações,
de quem nada fez por a merecer.
Mas antes de me encaminhares,
por aquela saída indiferente.
Abraças meu corpo uma última vez,
seduzindo-me numa troca de olhares.
Provocando-me num querer, que ausente,
te vai vestindo e escondendo a nudez.
Tu não sabes como evitar esse esconder,
no raiar dos próximos dias.
E no silêncio de um simples gesto,
começas por deixar de me querer ver,
e encontras nas desculpas, as manias,
da dualidade entre o falso e o honesto.
Tornas-te um ser antagónico e atroz,
no passar de umas horas, vazias de liberdade,
mas cheias de memórias de prazer eterno.
Começas por querer calar minha voz,
quando no amanhã te relembro a vontade,
que tinhas, quando meu corpo tomavas como subalterno.
Mas dançando, numa valsa que te conquista,
voltarei a abraçar-te, naquele instante,
que só o espelho é testemunha.
Confidente de uma essência altruísta,
que num interesse inquietante,
faz do segredo a sua alcunha.
Lugar que teu temor enterra,
quando me enlaças em tua pele.
Espelho teu, que será meu dificilmente,
mas que nele, nosso amor encerra.
E mesmo, que não me vejas como aquele,
já o fui, sou-o, porque te escrevo, e assim serei, eternamente.