sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Florbela



Florbela, escrevo-te na liberdade do meu ser,
para te expressar a minha profunda admiração.
E aqui, despido de vergonha, te ousar dizer,
que és a Mulher que enlevou o meu coração.

A tua alma. A tua escrita… nessa peculiar concepção,
são sentidas por este intelecto no disfarce do sofrer.
A tua voz, muda, que em mim ecoa no sopitar da solidão,
entorpece-me a dor de, no sonho profundo, te poder viver.

Partiste cedo, mas deixaste em mim o teu encanto,
num Amor que de palavras ficará, para sempre, aquém.
Resta-me ler-te na saudade de um silencioso pranto,

e admirar essa essência que pertenceu a outrem.
E se me perguntarem, alguma vez, porque te Amo tanto,
responderei sem pudor: Porque ela… escreve tão bem.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Deixarás saudades

Partiste, mas deixaste a tua alegria,
e a tua capacidade de fazer sorrir.
Na arte, deixaste sementes da tua autoria,
para recordarmos a essência desse sentir.

Deixarás saudades a esta pseudo familia,
que te estimava nesse peculiar existir.
A tua memória honraremos com mestria,
não deixando que o esquecimento a deixe cair.

Que desfrutes desta eterna viagem,
e que de saúde rodeados nos vejas.
Por cá, continuaremos nesta crua triagem,

agradecendo-te que daí nos protejas.
Aqui, deixo-te a minha singela homenagem,
abraçando-te onde quer que estejas.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Borboleta



Cheguei à simples conclusão,
que não cabes numa única gaveta.
E na amargura desta solidão,
sinto-me larva querendo ser, a tua, borboleta.

Trespassaste, outrora, este coração,
com muito mais que uma, afiada, seta.
E tal como o tempo desliza na ampulheta,
assim escorres tu nestas veias vazias de atenção.

E neste vazio... tudo o que à vida peço,
é que me deixe voltar a vivê-la ao contrário.
Porque hoje sei que preciso mais que um armário,

para emprateleirar esta falta que sinto,
por um alguém a quem nunca minto,
mas que me omite um amar que tanto mereço.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Coração de anzol



Nesta palma da mão
de um amor desenhado
por um pôr do sol ausente.
Descansa um coração
de anzol fisgado
pela sedução da tua mente.
Linhas envelhecidas
por promessas rasgadas
na lembrança de minha pele.
E a Vida, vivida em várias vidas
agradece às dores penadas
o crescimento que lhe compele.
É de aço inquebrável,
a essência que reside
na história desta mão.
Foi escrita numa tinta inapagável,
que alimentada de amor progride
em direção a este lábio ancião.
E ao beijares-me na saudade
de um sonho molhado pelo desejo
de te sentir num apertão.
Perguntar-te-ei, dormindo, em felicidade,
que se de ti só queria um Beijo:
Onde tens a tua mão?
  

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O mar testemunhou




O mar testemunhou,
o amor no seu estado puro,
preso nas redes da razão.
Vagas de ondas de paixão,
que nunca derrubarão o muro,
que ergui para te mostrar quem sou.

O mar testemunhou,
a timidez de um sol matinal,
escondido nos rochedos coloridos.
Gaivotas entoavam nos seus bramidos,
notas de uma simplicidade musical,
inspiradas por um amor que as beijou.

O mar testemunhou,
o teu silêncio e confidência,
enquanto te lia o passado num papel.
A brisa, sorrindo, eriçava-te a pele,
para que te sentisse, em consciência,
dando-te em amor, um calor que te abraçou.

O mar testemunhou,
momentos únicos e apaixonados,
no reboliço de uma toalha estendida.
Partilhas que nos tocarão para a vida,
pela intensidade de segredos partilhados,
e pelo carinho com que o silêncio falou.

O mar testemunhou,
o que areia nunca lhe revelou.
O mar testemunhou,
um Amor que só a ti te dou.

O mar testemunhou,
a entrega do sol no sorriso que este rapaz lhe revelou.


Fotografia: Paula Gouveia
 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Abraço-te



Abraço-te naquele abraço,
que só a ti te compete sentir.
Abraço-te naquele amasso,
que nos faz, simplesmente, existir.
Abraço-te, sem medo do cansaço,
pois é em ti que quero fluir.
É em ti que reside o último pedaço,
que obriga o meu ser a não desistir.
Abraço-te, sem medo do embaraço,
pois foi contigo que aprendi a submergir.
Foi contigo que ao amor dei espaço,
mesmo que de frio me insistas cobrir.
Abraço-te naquele abraço,
que só em ti o posso sentir.


Fotografia: Paula Gouveia