quinta-feira, 31 de maio de 2012

Deixa-me despir-te com o olhar



Deixa-me abraçar-te com o olhar.
Sentir que és minha neste instante.
Desejo egoísta de quem te deseja.
Deixa-me em teu corpo desfolhar,
temores de um vazio desconcertante,
que tenta adormecer um amor que flameja.

Deixa-me beijar-te com o olhar,
e sentir nessa boca ofegante,
uma adrenalina que em mim se despeja,
qual lobo desesperado que uiva ao luar.
Deixa de nos viver num limbo inquietante,
que nossa paixão de dúvidas craveja.

Deixa-me seduzir-te com o olhar.
Revelar-me na condição de visitante,
como se estranhasses este olho que te pestaneja.
Permite que me apresente devagar,
para que me bebas o restante,
e admires gota a gota este que corteja.

Deixa-me despir-te com o olhar.
Encontrar nesse ato um devaneio excitante.
Respirar em cada gesto uma descarga que me areja.
Deixa-me amar-te, para acabar.
Para encerrar este poema com um momento dignificante.
Para acalmar este amor que me esquarteja.

Deixa-me. Não te vais arrepender.
Deixa-te. Verás como é bom nos viver.



quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sozinho


Sinto-me carente do teu carinho.
Não me perguntes a razão.
Apenas me sinto sozinho,
e em guerra com o meu coração.

Estou farto de andar nesse caminho,
nessa estrada incerta e de perdição.
Esperando e lutando sozinho,
por um momentâneo prazer vão.

Paro, e bebo um pouco de vinho,
tentando aliviar essa tensão.
Mas não deixo de me sentir sozinho,
enquanto observo o copo na minha mão.

Para quê viver assim de mansinho,
se já sei que vem desilusão.
O melhor é deixar de estar sozinho,
e abraçar o mundo com paixão.

É isso! Vou procurar outro caminho,
um que me transmita ilusão.
Que pare de me deixar sozinho,
e me mostre a luz para além da tua negação.

Sozinho! Basta! Terei que ser eu a dizer não …


terça-feira, 29 de maio de 2012

Quero escrever-te o que sinto


Quero escrever-te o que sinto,
seja em prosa ou em verso.
Abrir-te a alma a preceito,
no meu lado mais preverso,
E não penses que te minto,
quando te deito no meu leito.
Quero escrever-te o que sinto,
mesmo que o faça sem jeito.

Quero escrever-te o que sinto,
e não quero sequer repetir,
palavras que a tua boca ousou viver.
Prefiro ocultar sem mentir,
e seguindo a voz do meu instinto,
viver-nos sem a necessidade do doer.
Quero escrever-te o que sinto,
é só que te quero dizer.

Quero escrever-te o que sinto,
refugiando-me na verdade quotidiana,
e abrigar-me na palma da tua mão,
e no calor que dela imana.
Pois a realidade é que pressinto,
que a mentira exige invenção.
Quero escrever-te o que sinto,
sem ter que viver nessa dissimulação.

Quero escrever-te o que sinto,
enquanto contemplo um belo jardim.
Compondo através deste poema,
o fervor de um amor sem fim,
que desejo que nunca seja extinto.
E na brisa, cheiro a frescura da alfazema,
e procurando-a, perco-me em teu labirinto,
encontrando em teus lábios a solução deste meu problema.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A razão do tempo


O tempo acaba sempre por ter razão.
É lapaliciano, mas também é verdadeiro.
Pena tenho, de ter entregue meu coração,
a alguém que nunca me amará por inteiro.

Terei de ultrapassar esta negação,
com a força que imana um guerreiro,
e através da visualização,
acreditar que esse tempo
será um bom conselheiro.

Tenho aprendido tanto,
contigo!
Ou com o meu Eu,
mais sombrio.
O tempo o dirá ...


domingo, 27 de maio de 2012

Um agradecimento de emoção


Um dia partirei, mas apenas fisicamente,
sabendo que ficarás no meu coração.
Partirás também, muito leve, levemente
como a brisa numa noite de verão.

Foste sempre Enorme na Humanidade,
e Mestre na arte de Viver.
e nesse dia, e apesar da saudade,
viverei eternamente esse teu saber.

Obrigado! É a palavra de quem sente,
um agradecimento de emoção.
Obrigado! É um sentimento de quem não mente,
e te guardará na palma da mão.

Hoje, evoluis na idade,
e sem nada para perder.
Goza o dia com a graciosidade,
que envolve a palavra merecer.

sábado, 26 de maio de 2012

Que vazio …


Que vazio, quando me magoas tanto,
com esse teu ar de felicidade.
Deixando-me a alma num pranto,
e perdido pelas ruas da cidade.
Primeiro, deitaste-me no teu manto
sagrado, e cheio de verdade.
Na mentira, fizeste de mim um santo,
que por ti engana a cada segundo de Saudade.

Vivo na dor entretanto,
por julgar que vives numa trindade,
pois o teu tempo não é mais que um canto,
cuja melodia se fechou na eternidade.
Sinto-me traído, trocado,
sem saber quem é o meu rival.
Sinto também que deixei de ser amado,
e que não passo para ti, de alguém banal.

É duro, duvidar do amado.
Viver naquela angústia trivial.
E é por essa vulgaridade, que ao ser tocado,
me sinto vazio afinal.
No fundo, sinto-me lesado,
Pois vivemo-nos de forma desigual.
Se queres que da tua vida saia, sairei magoado,
sabendo que nunca amei de forma igual.

Que vazio …

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vamos fazer amor, querida.


Anda.
Vamos fazer amor, querida.
Digo-te.
Num desejo insaciável.
Vontade arrebatadora,
que em mim acolhida,
domina-me a mente,
de uma forma inacreditável.

Vem.
Vais ver que valerá a pena.
Entrega-te.
O prazer merece-te ouvir.
Ilusão de um êxtase,
sonhado e revivido, cena por cena.
Sensações arrepiantes,
que teu corpo irão invadir.

Chegámos.
As nossas peles eriçam-se.
Cheiramo-nos.
A adrenalina invade-me o coração.
De repente, perdi-me no espaço.
Nossos corpos lubrificam-se,
esperando que o outro,
o aceite num flash de pura satisfação.

Amamo-nos.
A dança dos braços começa.
Sinto-te.
Teu peito beija-me a boca,
e começo a ficar sem ar.
Interpretas o momento como uma peça,
em que sendo a atriz principal,
agarras este espetador, numa sedução louca.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Já não sei do que sou capaz


Já não sei do que sou capaz,
nem sequer sei o que mais pensar.
Apenas quero alguma paz,
nas tormentas deste amar.

Amor que não sabe o que faz,
pois morre a cada dia que vê passar,
as memórias que seu coração traz,
e o sentir do teu a voar.

Angústia, demasiado presente!
para quem não valoriza,
o amor da sua gente.

Clareza, demasiado ausente!
que raramente suaviza,
esta dor que se sente.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Teus olhos pintados


Agora que não tenho olhos em mim,
quero dizer-te que os meus estão molhados,
invadidos por uma saudade sem fim,
de viajar em teus olhos pintados.

Ligo-te e não me atendes,
dando um ar de ocupada.
Ilusões que ainda vendes,
por teres medo de ser amada.

E refugias-te num silêncio surdo,
dizendo que me queres apenas assim,
e através do teu lábio mudo,
beijas o principio como um fim.

Que tortura este sentir,
esta forma de viver,
angústia escondida num sorrir,
que se oculta no meu escrever.

terça-feira, 22 de maio de 2012

O nascer de um novo eu


Que felicidade tive, filho tão desejado,
ao ver-te aninhar em minha mão.
Sinal de beleza, no meu céu iluminado,
pela estrela cadente da gestação.

Senti-te em meu ventre cansado,
sempre que te escutei em oração,
ternura de amor criado,
para despertar meu coração.

Vivo-te, com a dádiva do amor.
Esperançada no teu crescer.
Desejando que com o meu fervor,

de teu pai, herdes o humor,
e em paz, te veja florescer,
nesta vida sem temor.

* Dedicado à Mariza e à sua familia (14/03/2012)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Desejar


Nas asas deste meu desejar,
voei para lá do pensamento,
qual gaivota que observa o mar,
à espera do seu alimento.

Tenho fome e sede de te beijar,
como aquele mendigo sedento,
de uma migalha para enganar,
a avidez do seu lamento.

Os dias passam a voar,
e tu de mim foges sem argumento.
Sem aquele querer de estar,
presa à paixão desse alimento.

Mas um dia, ao recordar,
que sou apenas um elemento,
poderei então descansar,
e adormecer no firmamento.

E em paz passarei a estar,
libertando o afeto ciumento,
e grito-lhe que o amar,
não é mais que a beleza do momento.


domingo, 20 de maio de 2012

Doce Mulher


Hoje, não se para um segundo,
de falar de ti, Doce Mulher!
Ser belo e intrigante, que neste mundo,
se expõe, para todos proteger.

Quanto a mim, que sou vagabundo,
perdido na escolha, de como te engrandecer,
recordo que foi no teu dom fecundo,
que me ensinaste a nada temer.
E escrevo, amparado pelo teu preceito,
sobre ti, criatura de um conto universal,
sabendo que foi sobre o teu leito,
que ao beber o leite de teu peito,
houve um ser que afinal,
adormeceu num sonho perfeito.

* Escrito no Dia da Mulher (08/03/2012)

sábado, 19 de maio de 2012

Perdoar, é permitir ao outro uma segunda oportunidade


Perdoar, é permitir ao outro uma segunda oportunidade,
escreveu alguém que não deixo de admirar,
e que escuto como a voz de meus pais.
Um ser enorme que pela proximidade,
não pode em minha amizade desejar estar,
refugiando-se nos deveres profissionais.

E lendo-a, atento sua capacidade,
em explicar o sentido de perdoar,
essa mágoa nos tolda a razão.
E sinto suas palavras de felicidade,
quando declara que Perdoar é amar,
seja qual for a nossa aparente relação.

Seja de irmão essa afinidade,
ou de um amor que ousámos entregar,
a pessoas que nos são tão especiais .
Perdoá-los será sempre uma realidade,
se deixarmos a aceitação entrar,
e largarmos os julgamentos artificiais.

Juízos que ocultam a verdade,
deturpando na nossa mente devagar,
o medo de ceder nosso coração.
Mas há que dar essa oportunidade,
se em paz quisermos estar,
e sem nos vergarmos ao não-perdão .

Perdoar, é permitir ao outro uma segunda oportunidade.
 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Não quero mais sofrer


Sinto-me um idiota ao escrever,
poemas de um profundo pesar.
Esquissos escritos pelo sofrer,
e lidos por quem não se quer amar.

Relutância em não me viver,
através de uma invulgar forma de estar.
A constante distância do teu ser,
demonstrada no esquecimento do teu olhar.

Há sempre algo melhor do que me ter,
assim dita a direção do teu caminhar.
Caminhos que no deve e no haver,
me ganham o tempo do teu estar.

Que sentimento triste, a meu ver!
O de me sentir mais um para contar,
Que afinal não passei de um entreter,
Que durou o que teve que durar.

Transmites-me a inutilidade vulgar,
de um Homem que acabou de perder.
A insatisfação de vir a saber,
que afinal tens outro que preferes amar.

Não me queres? Diz-me de vez com o teu profundo olhar,
e para de me evitares por te querer.
Se não é comigo que queres estar,
não me magoes mais, pois não quero mais sofrer.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

O que é que levas da vida?


O que é que levas da vida?
Aquilo que a vida te leva! Ou será, levou?
Dizias tu com uma cara de puto,
feliz com a graça dessa tua capicua.
Entretanto servias-me uma bebida,
gelada, e que em dois goles, sôfregos, acabou.
Preparando-te para receber em teu reduto,
Amigos, e fazer da sua alegria, a tua.

O que é que levas da vida?
Não sei! Mas sei aquilo que sou.
Uma personalidade feita de um requisito absoluto.
Uma profunda exigência que se banha na lua,
aguardando pela manhã, para nela encontrar a saída.
Anuência! Um chavão que na adolescência reinou,
suportado por alicerces fracos de um caráter bruto.
Fraqueza de espíritos que fortaleceu essa personalidade nua.

O que é que levas da vida?
Espero levar o melhor dela, sabendo que agora aqui estou,
e que o amanhã nunca será o substituto,
de um passado que não vivi, mas que se insinua.
Nós nascemos sem pedir, dessa dádiva surtida,
e morremos sem querer, num instante que desabou.
E que tal aproveitarmos esse intervalo diminuto,
levando dessa oferta a felicidade pura e crua.

Deixo-te esta sugestão, apenas como partida.
E para que nunca vejas no fim, o que não levas, ainda, desta vida.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

A saudade é fodida


A saudade é fodida,
e esta é a lição que levo desta vida.
Perdoem-me a linguagem,
mas se até o Manuel João Vieira,
ao cantar de forma brejeira,
não deixa de ter a sua música ouvida,
porque razão irei eu estragar a minha imagem.

A saudade é fodida,
pois é de ilusões mantida,
e suportada na força da coragem.
Começa numa simples brincadeira,
que nos obriga a sentar naquela cadeira,
que à dor e à exposição nos convida.
É uma mágoa que nos faz chantagem.

A saudade é fodida.
Logo, impede que a paixão progrida,
naqueles que se perdem nesta viagem.
E que ao pararem à primeira passadeira,
imaginam-se amados à cabeceira,
daquela alma por eles despida,
sonhando viverem nessa filmagem.

A saudade é fodida,
porque nunca se dá por vencida,
apoiando-se na reciclagem,
de um amor que à sua maneira,
vai fervendo na sua caldeira,
sentidos que não têm saída.
É um pesar de feitio selvagem.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Porque não haveria?


Perguntaste-te: Porque não haveria?
Porque não me guardas na tua memória,
respondeu a minha mente, recordando-se desse dia.
Dia em que te segurei a mão, num gesto que soube a vitória.

Como te amei, a cada instante vivido nessa agonia.
Nessa certeza, de no amanhã me voltar a sentir escória.
Desprezado por uma carapaça vestida de cobardia,
que insiste em me usar, para se cobrir de glória.

Sou um alimento de uma boca ávida de ousadia.
Algema incómoda de uma consciência divisória,
que nos limita a liberdade, a um prazer que enlouquecia,
se pudesse em nossos corpos nus, dar a mão à palmatória.

Porque não haverias?
Porque já não escutas em teu coração,
palavras que outrora eram melodias.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Aquele momento


E de repente, senti que lá estava.
No interior dessa cabeça multi funcional.
Senti que era em mim que pensava,
no meio daquela tarde normal.

Uns dias antes, o sol raiava,
no nosso mar bravo e sazonal.
E enquanto na tua mão eu pegava,
o seu reflexo era branco como a cal.

Arrisquei … para poder ali estar.
Para viver aquele momento tranquilizador.
Aquele ensejo perpetuado no teu olhar.

Mas quando parto e para trás te deixo ficar,
amoleço … e só as memórias do nosso amor,
me permitem erguer de novo, e continuar a caminhar.


domingo, 13 de maio de 2012

Gritos de guerra


Gritos de guerra ecoam no meu peito,
quando te visualizo no luar sem fim.
E em cada noite que me deito,
o sabor dos teus lábios perpetuo dentro de mim.
São gritos que não mentem,
mas que doem com o teu afastar.
São angústias que se sentem,
por te querer tanto amar.
E quanto mais te desejo sentir,
maior se torna a beleza do seu som.
São gritos que se entranham sem sair,
e que mostram como te amar é tão bom.
Mas quanto mais gritos me dividem
as minhas duas almas em guerra,
mais sinto que elas progridem,
em direção à verdade do terra a terra.
É uma verdade dura, crua, e que salta à vista,
mas a verdade que me fará ver o mundo com a tua visão,
distante, por vezes existente, indiferente, mas aparentemente realista.
Mentira que fazes por existir e que me perturba o coração.
Procurei a Paz em ti, e encontrei a dualidade.
Penso na alegoria da tua alegria,
mas é na tristeza, que me deixas a Saudade.
E eu preciso de mais para viver o meu dia a dia.
Preciso de amor verdadeiro.
Preciso de mais que amizade.
Não posso viver um gostar traiçoeiro,
que me troca por qualquer necessidade.
Grito. Grito porque o meu sentir é genuíno.
Grito sem pensar na dor. Na dor da saudade.
E apesar de nos viver com os olhos de um menino,
sei que está na altura de os empurrar para a maturidade.

Gritos de guerra ecoam no meu peito.

sábado, 12 de maio de 2012

As tuas palavras


Quando as tuas palavras dizem o que não sentes,
procuro ler os sinais que os teus olhos ecoam.
E nessa altura, por mais que não tentes,
Sinto-as como partículas de negação que no meu sentido voam.

Quando as tuas palavras dizem o que não sentes,
procuras iludir-me na dureza desse falar.
E por mais palavras que inventes,
nunca estarás pronta para ao meu lado acordar.

Quando as tuas palavras dizem o que não sentes,
aniquilas o crente que há em mim.
E nessa morte lenta entre dentes,
vou sentindo que nos preparas o fim.

Mas …

Quando as tuas palavras dizem o que sentes,
o meu corpo viaja do frio para o calor.
E nesses momentos, sei que não mentes,
pois os teus olhos irradiam o nosso amor.
 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Difícil … esse sentir


Este cheiro que me rodeia,
traz-me memórias que me conduzem
a esse corpo, que desejo, e que me desnorteia
como as estrelas que no luar reluzem.

Tens sido a apicultora da minha colmeia.
A mestre das abelhas que me reduzem
ao pólen daquela flor, que é dor, inconstante, mas não feia.
Visões, que de vez em quando, nessas memórias me zurzem.

Porque será tão instável o teu leve e doce sentir?
Porque será que ele tem medo de ruir?
Se o mundo nos quer, no amor, agarrar.

Talvez tenhas medo de te andares a iludir,
com o receio que um dia possas cair,
e perderes tudo que te custou tanto a alcançar.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

As escolhas que não são tuas


Falava contigo num tom descontraído,
sentindo nossas almas quase que nuas.
Desabafa-te sobre um percurso percorrido,
quando disseste: as escolhas que não são tuas.

Apressámo-nos a marcar esse tempo vivido,
guardando-o cada um, como palavras que foram suas.
Mas essas, exclusivamente tuas, ditas num acaso bebido,
são ricas de um saber marcante, que na minha vida perpetuas.

Mantive-as protegidas, no meu improvisado gravador,
sabendo que das tuas notas saltariam para a ribalta.
Esperei lê-las, para sentir nesse conhecimento relevador,

a magia que sinto enquanto mero observador,
inspirado numa voz, que um dia me há de fazer falta.
E sim, aceitei o desafio. Escolhi lutar contra esse caminho angustiante e castrador.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Interrogações


Que sentimento é este que me atrofia o coração?
Que dor é esta que me aflige quando não estás?
Será que só te poderei viver na escuridão?
Será que nunca viverei contigo a essência do cachimbo da paz?

Que paixão é esta que me adormece os músculos na hora de te beijar?
Que amor é este que me levita e me faz tremer de desejo?
Será que estou condenado a ter-te sem nunca em ti poder estar?
Será que só me tranquilizo no calor do teu beijo?

Perguntas. Questões. Dúvidas. Interrogações.

O sentimento, esse, acaba por ser bloqueado,
pela dor, de do todo ter apenas uma parte.
E é na ausência da tua luz, que sinto que estou enamorado,
por alguém que me prefere distante, como se observasse uma peça de arte.

A paixão, essa, acorda sempre que te abraço.
Aquele abraço de amor, que roça a perfeição,
e que me liberta das amarras do cansaço,
e me faz viajar na nuvem da minha própria ilusão.

Respostas! Procuro-as na veracidade das minhas emoções.


terça-feira, 8 de maio de 2012

Mais uma vez ...


Em cada dia que passa
e se conjuga em semanas
que perfazem os meses
dos últimos anos da minha vida,
verifico que andei a sonhar acordado.
Ao ouvir a dor que grita e se entrelaça
nas atitudes e decisões que emanas,
e no afastamento que impões vezes atrás de vezes,
percebo que a minha luta não pode ser infinita,
e que a ela não posso continuar agarrado.

Sinto que sou o único a lutar,
qual D. Quixote contra os moinhos de vento,
que na sua cruel insanidade,
corajosamente os enfrentou,
sempre ao lado do seu fiel escudeiro.
Se tens mais com que te preocupar,
e se nem nesses momentos te sirvo de alento,
o melhor é escutar a voz da realidade,
interiorizar aquilo que para ti sou,
e, por ti, deixa de mover o mundo inteiro.

Cada um escolhe o seu destino,
nas escolhas que faz,
nas vivências que o consomem,
e nas oportunidades que agarra,
perante o que a vida lhe oferece.
O meu tem sido o de um menino,
que na pureza de um rapaz,
já devia ser um homem.
Tem tido muita uva e pouca parra,
para o amor que ele de ti merece.

Hoje, acordei contigo!
Mais uma vez …
Vejo agora que o meu Amor te causa pressão,
e que já se apresenta fastidioso,
Então, porque ando em vão,
a viver na mentira de um amor que julgava grandioso.
Hoje, deitar-me-ei sem de ti nada ter vivido.
Mais uma vez …


segunda-feira, 7 de maio de 2012

A Rua do Rancor


Na rua do rancor, a vida torna-se cruel,
para quem ousou amar, o corpo dalguém.
A rua do rancor, vive com ódio ao amor,
em gente que se deu, mas que ficou aquém.

Na rua do rancor, o tempo adormece a divagar,
num copo que bebe a dor, do seu coração.
Na rua do rancor, há quem se queira despedir,
nas memórias de um minuto, em reflexão.

Olá, quero ser o teu abrigo,
palavras que penso, mas não digo.
Mostrar-te o calor da minha paixão.
Ah, dói muito escrever para ti,
amar-te e não te ter aqui.
Bem sei que para ti sou ninguém.

Na rua do rancor, o desejo é sempre desigual.
quer seja de boca em boca, ou de olhar em olhar.
Na rua do rancor, o escuro torna-se superior,
à luz que nos corações, perdeu o seu lugar.

A rua do rancor é uma prisão sentimental,
onde se vão colecionando, pecados capitais.
Na rua do rancor, todos têm de suportar,
aquele final esmagador, quando não os desejam mais.

Olá, quero ser o teu abrigo,
palavras que penso, mas não digo.
Mostrar-te o calor da minha paixão.
Ah, dói muito escrever para ti,
amar-te e não te ter aqui.
Bem sei que para ti sou ninguém.

* inspirado no "Bairro do Amor" de Jorge Palma


domingo, 6 de maio de 2012

Amo-te Mãe


Palavras não chegam, para escrever a imensidão,
do amor que sinto por ti, minha mãe querida.
Os gestos são poucos, para te mostrar que em meu coração,
se enconde a timidez de um amor sentido, por quem me deu a vida.

Se alguma vez te fiz infeliz, foram lapsos de uma alma ferida,
mas que te agradece a sorte de partilhar o mundo com um irmão.
Vidas que geraste dentro de uma ternura prometida,
e que ainda hoje, nos destina um amor sem explicação.

Se as palavras são insuficientes. Escassas foram as que não te expressei,
naqueles instantes em que por vergonha me faltou a coragem.
Momentos que senti, mas que não sei porque falhei.
Momentos que infelizmente não passaram de uma miragem.
Mas agora, e aqui, resolvi embarcar nesta viagem,
de sentimentos únicos, enraizados na pessoa que sempre amei.
Falo de ti, obviamente, querida mãe. A minha eterna ancoragem.
Meu porto de abrigo onde me refugio quando me perco sem norte, nem lei.

Bom, antes que me esqueça, quero apenas dizer-te: Amo-te Mãe.


sábado, 5 de maio de 2012

Escuta o teu coração


Magoas-me,
quando me negas horas
com a desculpa da sua falta.
Quando as usas sem pensar,
tendo-as ou não,
nas outras imensas demoras
em que afinal a sua falta
são apenas horas a passar,
mas para os nossos momentos nunca o são.

Magoas-me,
quando me iludes a alma
com a desculpa de tempo te faltar.
Quando o usas sem preconceito,
para outros que não eu,
e nessa imensa calma
demonstras que o teu “amar”
só é sentido quando te dá jeito
ou quando queres que o meu seja teu.

Magoas-me
quando indiretamente me fazes pedir,
com minha alma tântrica e frágil,
esse tempo que afinal não queres ter.
Quando direcionas meu coração,
para a tua falta sentir
e nesse caminho tão curvo e ágil,
inverteres a rota, consciente do teu não querer,
mostrando que o meu amor não tem chão.

Afinal o que de nós pretendes viver?
Dois seres, dispersos, que se amam num só momento,
ou um ser só, que se uniu, na profundeza do sentimento?
Escuta o teu coração. Ouve o que ele te quer dizer.
 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cansei-me de ser persistente



Cansei-me de ser persistente,
e de tentar obter mais que uns minutos de prazer,
quando vejo que essa alma doente,
apenas quer acordar, para me tentar esquecer.
Já passou tanto tempo que essa atitude repetente,
já não dói, apenas, enoja a memória do meu ser.
Tempo de entrega de um amor resistente,
que acaba de desistir pela resistência do teu pseudo querer.

Quem é vivo sempre aparece, e eu certamente aparecerei,
algures, no caminho que traçaste para a tua vida.
Surgirei, nas lembranças dos momentos que te dei,
desaparecendo, tal como o gelo se dissolve na tua bebida.
E quando olhares para o copo, verás que partirei,
agradecendo com a cabeça em gesto de despedida,
afogando-me num liquido, avolumado pelo que chorei,
onde sinto que beberás a minha essência ferida. Perdida.

Embriaga-te em mim, quando sentires que é o fim.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

O teu pescoço em mim


Ao deitar o meu olhar apaixonado,
nesse teu movimento tão pessoal,
sinto esse pescoço beijado,
pela minha boca, de forma sensual.

Toda a pele que o acaricia,
por mais defeitos que possa ter,
nunca sentirá a beleza macia,
que o seu interior revela ser.

É lindo! A minha boca assim o sente.
Mas é quando te beija com suavidade,
na tua pele perfumada e quente,
que ela dá descanso à saudade.

Lembro-me bem!!!
da última vez que o beijei.
Meu corpo sentiu-se ninguém,
e em teus braços me entreguei.

E foi assim,
que senti,
que vivi,
o teu pescoço em mim.

Na tua boca


Na tua boca,
o tempo acalma até parar,
o mar para de se agitar,
e o vento leva a minha paz,
que no teu corpo quer adormecer.
Na tua boca,
o mundo para de gritar,
a terra deixa de girar,
e o medo fica para trás,
apenas por a querer ter.
Na tua boca,
nado no rio da segurança,
agarro o momento à lembrança,
que te quer sentir,
quando sorris.
Na tua boca,
invoco a força da perseverança,
sinto a pureza de uma criança,
que passa a vida a sorrir,
querendo ser feliz.


quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ainda … estou aqui


Afinal de contas, porque nos juntámos?
Será que a razão foi una, ou anormal?
Porque razão tanto nos amámos,
se nos questionas ao mínimo sinal?

Questões? Ou mágoas de uma dúvida existencial?
Verdades, ou desabafos de uma ausência sem justificação?
Serão saudades em fúria ou uma cegueira lacrimal?
Perguntas que tento responder, mas percebo que é em vão.

Encontramo-nos algures e beijamo-nos na escuridão.
Na ilusão de que o tempo pare, e nos conceda um universo colateral.
Ou será que só sou eu que procuro essa solução?
E que quando partes, já procuras aquele momento fazer o funeral.

O tempo passou, a um ritmo, que vejo agora, desigual,
desde o dia que nossos corpos, julgava eu, sonhámos,
juntar numa paixão, que seria única e transversal,
sentida, por mim, na primeira vez que nos beijámos.

Sentimentos únicos que só vivi em ti.
Se ainda me quiseres, despacha-te.
Ainda … estou aqui.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Dia do Trabalhador


Dia do Trabalhador.
Dia de uma luta em vão,
de quem se afunda na dor,
de não ter para comer nem um pão.

Dia de um luta desigual,
morta pela altivez dos políticos,
que roubam aos pobres o fundamental,
com medo dos ricos parasíticos.

Esses que se refugiam no investimento,
esperando que o povo lhes batam palmas.
Enriquecendo com a pobreza de um País sonolento,
enquanto nos vão adormecendo as almas.

Ora nos dominam pelo medo,
pois sabem que sua competência é uma farsa.
Políticos que nos embrulham no enredo,
de um dívida causada pela ganância de um seu comparsa.

Favores trocados por tachos milionários,
mesmo sabendo que os milhões eram para o povo.
Impõe roubos legais, tratando-nos como otários,
Julgando que a austeridade é um começar de novo.

Vivemos no meio de ladrões , vestidos de fatos,
com corte italiano, mas de estilo discutível.
Podes chamar-lhes ministros, autarcas ou deputados,
que o balde é incorruptível.

Retiram-nos percentagens do ordenado,
juntando-lhe uns subsídios à coleta,
impondo-nos tal qual a um condenado,
uma vida oprimida e obsoleta.

Mas depois falam-nos de um caminho,
que é difícil, necessário, mas nunca suficiente.
Um percurso careca, tapado por um capachinho,
onde nos vão escondendo a verdade que não mente.

A verdade! Eheheh que vontade me dá de rir,
cada vez que os oiço na televisão,
discursando palavras que não queremos ouvir,
ferindo-nos a inteligência numa espécie de sermão.

Eles é que tomaram opções que nos levaram ao nada,
apoiando-se numa gestão cega e indiferente.
Votos cedidos por uma esperança, roubada,
de indivíduos que não respeitam o trabalho da sua gente.

E depois pedem-nos que votemos,
que é aí que se vê a força da democracia.
Mas imediatamente nos arrependemos,
quando vimos que era apenas o poder que se queria.

Somos um povo burro, costumo dizer,
e como me custa ter este sentimento tão lusitano,
de julgar, essas criaturas adormecidas por um poder,
que não respeita a liberdade do ser humano.

Dia do Trabalhador, ou da Exploração Legal?,
Encapotada por uma economia capitalista.
Parvos somos por acreditar num Portugal,
gerido por gente cega, surda e fatalista.

Precisamos de líderes que escutem a razão,
de um povo que quer trabalhar, mas ver uma luz ao fundo.
Gestores competentes que endireitem esta nação,
que no passado conquistou o mundo.

Chega de gastar tanto latim,
com quem não merece nem uma letra.
Pessoas que se julgam superiores, mas que no fim,
não passam de uma espécie de treta.

Lutemos então por um País mais justo,
que orgulhe seja qual for a geração.
Lutemos por um futuro robusto,
que nos apazigue o coração.

Vivamos então, o hoje, com fervor,
não esquecendo todos estes trocadilhos.
Mas não vivam o amanhã com pavor,
pois temos de construir o futuro de nossos filhos.

Por agora, agarremo-nos à esperança,
ou ao sonho sem imposto por cobrar.
Iludemo-nos como se fossemos uma criança,
esperando por um final de encantar.