domingo, 30 de setembro de 2012

Ignorância atrevida


Caso te depares com a ignorância,
escuta-a para veres como é atrevida.
Repara como a sua arrogância,
é uma falácia adquirida.

Um ser néscio vive na abundância
da crítica barata que nada valida.
Respira na malícia, sem alternância,
expelindo toda a sua apatia contida.

Facilmente o transtorna, a sapiência,
daquele, que humildemente, algo lhe ensina,
nos intervalos da falta da sua inteligência.

Julga-se abastado nessa pobreza que o fascina.
Perdido numa falsa e miserável aparência,
que o conduzirá, eternamente, à ruína.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Fechado à chave


Tudo o que nos sabe bem
está, sempre, fechado à chave.
Prazeres que se coíbem,
e se escondem, naquela arca,
perdido na escuridão de uma cave.

Tal como o teu amor, quando me canta,
notas estranhas até para uma clave.
Escuto nelas, um chilrear que me espanta,
e que esconde nessa melodia parca,
um querer proibido, contudo, tímido e suave.

Conflito de vontades que te proíbem.
Que te clausuram de uma forma tão grave.
Algemas que, no desespero da recusa, sabem,
que o amor deixa sempre uma marca,
mesmo que algo, pelo meio, o entrave.

Podes evitá-lo, cobrindo-o com uma manta,
bordada pelo medo que a entrega te crave,
anseios, que te tirarão o ar de santa.
Mas um dia, e se ignorares essa contramarca,
perderás a oportunidade de ser livre como uma ave.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Frases gastas de tanto serem repetidas


Hoje não posso. Amanhã não me dá jeito.
Quem nunca sentiu esta indiferença,
encoberta naquela desculpa sempre a preceito,
útil, quando não desejam a nossa presença.

Frases gastas de tanto serem repetidas,
que se rasgam num, simples, eco.
Palavras desinteressadamente proferidas,
com o intuito de demostrar desapreço.

Tenho outras prioridades. Estou no meu direito.
Invocações utilizadas em tom de sentença.
Sinais enganadores que mostram que não és o eleito,
e que apenas serviste para a convalescença.

Sim, falo para vós, almas usadas e despidas.
Saiam definitivamente desse beco,
que vos envenena com o cheiro dos pesticidas.
E descubram a luz. Não tenham medo de um novo começo.

Procurem a felicidade.
Longe de quem,
vos usou sem piedade.
Porque ninguém,
viverá com autenticidade,
se se afundar no desdém.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Quem és tu Mulher?


Sinto-me um cabo raso da palavra,
quanto tento alcançar-te o coração.
Tropa macaca de um sentimento,
que de minha alma, mais recôndita, lavra.
Desassossego viciado pela atração,
de um desejo incontrolavelmente violento.

Se o paladar não se saboreia, apenas se recorda,
nos intervalos das sombras, abençoadas pelo sol.
O teu cheiro é algo que não consigo esquecer,
por entre os beijos, onde em sonhos, a minha mente acorda.
Lábios onde, acordado, me prendo na força do anzol,
e onde degusto sensações que me fazem enlouquecer.

Quem és tu Mulher?
Porque me fascinas,
se preciso de te abandonar.
Quem és tu Mulher?
Porque me alucinas,
e meu equilíbrio insistes condicionar.

Esta vida perdoa tudo menos dizer a verdade,
e dela te escondes quando me vês chegar.
Desconfio que preferes mentir aos teus medos,
isolando-te, conscientemente, na ambiguidade.
Julgando que sempre que tua vontade se desapegar,
serei teu, num simples estalar de dedos.

Quem és tu Mulher?
Porque me fascinas,
se preciso de te abandonar.
Quem és tu Mulher?
Porque me alucinas,
e meu equilíbrio insistes condicionar.

Quem és tu Mulher?
Mistério, que só dentro de mim, poderei solucionar.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Palavra oxidada em mim


O metal com este tempo oxida,
tal como a paciência para o incoerente.
As palavras ficam mortas para a vida,
quando as proferes num tom benevolente.

Ouvir-te proferir saudade, sabendo que é sentida
num reflexo hormonal de um desejo carente,
reativa a dor de uma sombra esquecida,
na lembrança de uma agonia, que julgava, ausente.

Apenas sinto aquilo que mostro vontade de sentir,
alimentado pelo teu querer de circunstância,
enquanto por dentro me sinto, aos poucos, a explodir.

Pois quem inventou a saudade, não querendo existir,
desconhecia a dor causada pela distância,
e o tormento que a tua falta me podia infligir.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Arrisca-te a Viver


Arrisca-te a viver,
num otimismo em estado liquido,
que te ajude a saborear,
o que realmente sentes que significas.
E nessa profunda vontade de viver,
liberta-te desse sentimento obstruído,
e prepara-te para tua vida controlar,
acreditando no que para ti planificas.

Arrisca-te a viver,
Desafia a tua trepidez.
Não tenhas medo de arriscar,
Por que acabas por perder,
de pelo menos por uma vez,
a possibilidade de acertar.

Arrisca-te a viver.
Aprende a não desistir.
Faz por, a dádiva da vida, merecer
a honra de quem soube persistir.

Arrisca-te a viver,
e nunca te esqueças desse presente agradecer.

Arrisca-te, simplesmente, a viver.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Noites loucas


Noites loucas de paixão,
temos vivido, no suor da transferência,
de uma vontade que aos dois se amarrou.
Noites loucas de sedução,
que colocam em evidência,
desejos que, afinal, a vida não apagou.

Noites loucas de devolução,
de um tempo, em que a adolescência,
a nossas vidas voltou.
Noites loucas de pura atração,
dissimulada entre toques de indecência,
e olhares, de quem queria, mas nem sempre provocou.

Noites loucas que se ergueram da desistência,
e que espero que não voltem para o caixão.
Noites loucas que enterram, de vez, a decadência,
e mostram ao conforto toda a sua erotização.

Noites loucas, em que o tempo parou,
para escutar, em nosso corpos, que o amor voltou.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Teias que te envolvem a vergonha


Por vezes sentes-te enclausurado.
Amarrado à possibilidade de um impossível,
feito de teias que te envolvem a vergonha.
Contudo, nunca permitas que alguém te ponha,
limites a esse despudor, que sendo discutível,
permitir-te-á alcançar o que outros julgam despropositado.

Luta pelo que a tua mente te vai gritando,
em plenos pulmões de irreverência,
num silêncio que só tu sabes escutar.
E procura, acordado, nesse sossego agarrar,
a força que de ti, emana clarividência,
para com ela alcançares o que desejaste sonhando.

Obstáculos superarás com caráter e determinação,
sempre que te predispuseres a tal,
sem o medo de falhar e de te mostrares perfeito.
A descrença, acabará por se tornar um defeito,
se deres ouvidos aqueles, que de forma gripal,
te criticam, pelo simples facto, de verem em ti, o que eles nunca serão.

Acredita em ti e reage à adversidade.
Afronta-a com personalidade e coragem,
e com um sorriso de ironia, disfarça a timidez.
Encara essa impossibilidade com desfaçatez,
e torna-te o reflexo daquela imagem,
em que te vês, tudo conquistar, num suspiro de personalidade.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Morte anunciada


Vive a tua morte anunciada,
com a mesma tranquilidade,
que vives na madrugada,
esse sono de ingenuidade.

Julgavas que esta cegueira,
plantada à beira mar,
te permitiria nessa capoeira,
me continuar a enganar.

És de fraca bofetada,
nessa cara de austeridade.
Meteste-te numa alhada,
e é nela que vais sentir a equidade.

De um lado sentirás a soqueira,
do outro, a arte do pontapear.
Vai-te sair cara essa brincadeira,
de aos conselhos, ouvidos não quereres dar.

Autista, assim tua lembrança será chamada,
quando a história, um dia, contar a verdade.
Por aquele nome será tua personalidade invocada.
Ignomínia onde, tua mãe, será chamada com facilidade.

Em cada pessoa há uma lição de vida.
Começa por respeitar a minha,
e, durante a tua, essa lição será aprendida.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Balas & Bolinhos ao jantar.


Balas & Bolinhos ao jantar.
Humor (im)próprio para a digestão.
Uma oportunidade de poder gargalhar,
numa altura em que nos falta a motivação.

O Rato começou a roubar e a traficar,
idolatrando o amigo que saiu da prisão.
Acabou por ficar paneleiro do olhar,
e a fugir do Índio Jaimão.

O Colatra gostava de empratelar,
até que se tornou doutor por distração.
Acabou a ver rabos para o ar,
e com a Judiciária a tirar-lhe a ilusão.

O Bino, desde cedo quis mostrar,
que era o Jagger desta nação.
E mesmo recuperado, acabou por ficar,
um Janado, todo queimado, por convicção.

O Tone, um talento na arte de falar,
passou de prisioneiro a mestre da evasão.
E ainda teve o engenho de saber acabar,
com o dinheiro todo na mão.

Com estas palavras quis gratular,
toda a equipa do balas com emoção.
Saudades já sinto, de rir e chorar,
com o vosso humor brejeirão.



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pelas ondas do nosso mar


Fico cego quando te ouso desafiar,
chorando pingos de desconforto.
Nos óculos escuros procuro refugiar,
um olhar, pela tua luz, completamente absorto.

Sinto que pouco poderei fazer,
nesta nossa, inconstante, relação.
Minha pele insistes em desfazer,
sempre que, até ti, chega o verão.

Insistes, meu corpo maltratar,
como se fosse uma espécie de desporto.
Minha mente, teu brilho natural, faz revigorar,
trazendo ao meu interior, algum conforto.

E é esta dualidade, que tento compreender,
sempre que te vejo a partir sem razão.
Altura que, de ti, mais sinto prazer.
Ansioso por, contigo, banhar-me na ilusão.

Um dia esta ambiguidade irá terminar,
e teu calor, desejarei, jazendo morto,
sem poder contemplar tua visão.
Em paz, pelas ondas do nosso mar,
navegarei, como um barco quando chega ao porto,
liberto das angústias desta prisão.

Por mais que isto te possa parecer banal,
não sei viver sem ti, minha estrela central.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Fiel Amigo


Sempre que te recordo com saudade,
o meu corpo calmo, estremece,
numa alegria que supera a ansiedade,
da nostalgia que meu coração ao longo do dia carece.

E se não é menos verdade,
que o coração nunca envelhece.
O teu constante amor, mascarado de fidelidade,
não só ilumina o meu, como também o rejuvenesce.

Gostava que o mundo tivesse a honestidade,
que a tua postura, dia a dia, transparece.
Talvez assim se valorizasse a sinceridade,
qualidade de que a humanidade carece.

E enquanto me encosto no pelo da tua bondade,
a minha alma como que adormece.
Num sono onde a dádiva da cumplicidade,
revela ao coração razões que a razão desconhece.

Dedico-te estas linhas com emoção e amizade,
sabendo que as palavras são poucas para quem tanto merece.
Fiel amigo, que o céu te ilumine, eternamente, com graciosidade,
pois a tua falta, despedaçando-me, minha alma empobrece.


* Obrigado ZenMan, pela partilha ; )