domingo, 28 de dezembro de 2014

Tu para mim...


Tu para mim... és e existes...
e isso é e encerra tudo em si.
E eu gosto-te e amo a tua essência,
e aquilo que não vês,
e desconheces em ti.
Palavras que persistes,
em deixar por aqui,
nessa infantil e mágica aparência.
Palavras encarceradas na nudez,
deste coração que, por ti, de amor despi.
Fotografaram-te para memória futura.
Escrevo-te para neste agora recordar.
Arrepia ver nesse olhar a criança pura,
a quem tudo dei e que nunca deixarei de amar.
Do sorriso fazes a tua assinatura,
que numa ingénua rebeldia gostas de invocar,
cativando o mundo nessa singular candura.
Tu para mim... és o respirar de cada dia.
O arrepiar de pele que nunca quererei perder.
És o poema que fotografo em alegria,
quando te escrevo por esta lente do querer.
Tu para mim... és a magia.
Fotografia: Paula Gouveia

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Não se amarra nem devasta quem se ama


Apetece-me dedicar-te um sentido pensamento,
dando-lhe o ênfase que apenas à poesia compete.
Nada interiormente teu e muito menos copiado da net.
Apenas meu, mas que se revela no teu comportamento.

Escutas. Conversas. Mas não queres saber do argumento.
Pedes respeito numa surdez amarrada por um colete,
desrespeitando, à força, quem a teu lado se repete…
pedindo-te, reciprocamente, um amor sem julgamento.

À distância, parece que és tu que não a sabes respeitar.
Apenas te é confortável olhar para ela, de noite, na cama.
Para ti. Por dependência. Nessa tua, singular, forma de amar.

Porque não duvido que a ames nesse tão próprio melodrama,
o que te dedico é o desejo de te ver parar para pensar,
porque, a meu ver, não se amarra nem devasta quem se ama.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Fechadura da memória


Eu tentei,
dar ouvidos ao coração,
mas o teu não se quis escutar.
Perdeu-se no labirinto da razão,
com medo do destino enfrentar.
Desistindo do amor e do seu lugar,
vagueia imperfeito no meio da multidão,
sabendo que em mim pode encontrar,
aquela Alma companheira que no seu coração,
Eu deixei.

Eu tentei,
seguir o trilho da Verdade,
desde o principio desta infinita estrada.
De mentira, o tudo se fez nada,
plantando em nós as sementes da saudade.
Parece que o futuro sofreu de ansiedade,
e permitiu que a vida fosse aprisionada.
Caminhando, vai-se libertando na vontade,
sentindo a afeição genuína que em si marcada,
Eu deixei.

E assim partiu, numa razão cega que lhe mentiu,
um amor que me levou pela mão e depois fugiu.
Para ser. Para existir. Para viver.

Eu tentei,
e percebendo os contornos desta história,
deixarei sempre entreaberta a tua porta.
Ao longe, espreito a definição dessa trajetória,
desejando-te a Felicidade numa angústia que corta.
E nesta visão que de respeito se torna absorta,
termino esta canção numa agraciada glória.
Em ti, ficará o sangue de uma promessa morta,
que nesta, infinda, fechadura da memória,
Eu deixei.

E assim partiu, numa razão cega que lhe mentiu,
um amor que me levou pela mão e depois fugiu.
Para ser. Para existir. Para viver.

E assim partiu, numa vontade que lhe retraiu
o amor, que seu coração, em liberdade, descobriu.
Para ser. Para existir. Para poder viver.

Simplesmente partiu…

Fotografia: Paula Gouveia

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Garra


O teu sorriso estridente de menina,
é semelhante aos acordes de uma guitarra.
Sorriso que na pauta da Vida se tornou a cocaína,
inalada nessas notas viciantes que a ti me amarra.

O teu abraço, mesmo que exíguo, expulsa qualquer neblina,
e ilumina-me a alma na sumidade dessa singular gambiarra.
O teu olhar sorri, mesmo que feches a cadeado a sua retina,
e a tua personalidade se revele na satisfação dessa garra.

Sei de cor essa expressão que diariamente
acompanha a cadência do meu respirar.
Nas tuas vergonhas mostras-te eloquente,

tornando-se impossível não te querer amar.
E mesmo não estando, sinto-te sempre presente,
no sangue que nestas veias insiste em circular.

Fotografia: Paula Gouveia

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Adormeci aqui


Tenho tantas saudades tuas.
Tantas que te fotografei duas luas.
Diz uma lenda que o sol e a lua
sempre foram muito apaixonados,
mas que não podiam ficar juntos.
Pois a lua, uma das que agora é tua,
só nascia quando o sol adormecia.
Mas Deus ao vê-los desencontrados,
decidiu no meio dos seus assuntos,
pensar numa solução que os uniria,
e juntou esse amor na beleza de um eclipse.
Para que assim todo o mundo visse,
que o amor puro pode existir,
por mais que o tentem dividir.
O amor existe e existirá em nós.
E se algum dia me falhar a voz,
escrever-te-ei através da fotografia,
o que a minha alma guardou um dia.
A distância permite a saudade,
mas nunca o esquecimento.
E por isso, te a relembro na verdade,
daquele que é o mais puro sentimento.
Sabes… partiste demasiado cedo,
mas deixaste em mim um rochedo,
que resiste a qualquer tipo de erosão.
Tão cedo que levaste de mim o medo
da morte que residia neste coração.
Mas partiste, e em mim ficou a recordação,
dos momentos que a vida, numa vida, me deu,
e que eu revivo, quando só, encontro o meu Eu.
Porém, pressentindo que um dia te reencontrarei,
digo-te que sei que o meu amor viverá sempre em ti.
Certeza ancorada nas palavras deste livro que encontrei.
Palavras que o meu coração ouvirá do teu,
quando no próximo eclipse olhar para o céu,
e na brisa daquele momento uno… escutar: adormeci aqui.

Fotografia: Paula Gouveia

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A fuga


Foges na direcção do desconhecido,
na melodia desse sorriso maroto.
Para trás deixas um olhar renascido,
na lembrança de um amor devoto.

Num clique, capto esse afeto numa foto,
que por ti nunca se tornará foragido.
Através da lente dedico-te este voto,
jurando te amar num para sempre sentido.

Por agora, registo a tua inóspita fuga,
numa correria que anseio não te fazer cair.
Dela, despertaste o nascer de uma jovem ruga,

que ao pensar que um dia terás de partir,
gostava de viver num tempo tartaruga,
para viver cada segundo desse belo sorrir.

Fotografia: Paula Gouveia


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Não Desistas


Penso em ti, frágil, nessa alma prisioneira,
amparada por esse corpo adormecido.
A tua face deve revelar uma máscara ligeira,
enquanto te sorris num olhar presente e dorido.

Sei que te sentes dentro de uma ratoeira,
onde até esse sorriso se sente comedido.
Mas não desistas, por mais que a Vida te queira
Levar antes do teu dever cumprido.

Combate esse tempo, com a tua vontade.
Luta contra esse néscio que te mina o interior,
e que não te permite viver em liberdade.
Faz da força dos que te vivem o teu adamastor.
E sente na determinação dessa, só tua, tempestade,
a coragem que precisas para lhes dares o teu amor.

Bem sei que daqui, sinto algo bem diferente,
dessas dores que tanto te atormentam o espírito.
Sei que não sei o que se passa nessa mente,
mas escrevo-te para que não desistas do conflito.

Mas não desistas. Nunca desistas deste infinito,
por mais que, por momentos, o trates sem prioridade.
Agarra-te ao Amor dos Teus e sente como ele é bonito.
Mas não desistas. E escrevo-te nesta sentida apelabilidade,
para que não esmoreças e sintas este abraço escrito.

Por favor, Não Desistas.

*Dedicado aos meus e aos vossos que de forma estóica lutam contra a doença.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Quando a vida te despertar


Quando a vida te despertar,
como me despertou a mim.
Um dia de cada vez quererás levar,
com a noção de que tudo tem um fim.

Até partires desta belíssima aventura,
Vive a tua liberdade com dignidade.
Vive a Vida de forma simples e pura,
acrescentando bondade à humanidade.

Não morras em vida, numa aparente existência.
Existe! Vivendo, dentro do que procuras ser.
Na tua força interior, encontra o caminho da resiliência,
e nunca permitas que te condicionem o querer.

O amanhã nunca será garantido,
por mais que julgues que ele vai lá estar.
É no hoje que deves amar quem te é querido,
antes que seja tarde demais para o demonstrar.

Quando a vida te despertar,
como me despertou a mim.
A alma responderá ao teu questionar,
a razão do porquê ao mundo vim.

Quando a vida te despertar!
Espero que ainda vás a tempo de ver a luz brilhar.