Estive aqui minutos sem fim, à tua espera,
e de ti apenas um fugaz e tímido clamor.
Esperei tanto, que quem espera desespera,
que me prostrei na demora do teu calor.
E a esperança findou, como se fosse de cera,
lentamente extinta pelo teu cintilo desertor.
Foi coagida a resignar a um óbvio que contera
demasiada delonga pelo fulgor do teu amor.
Na tua ausência fundi-me com o horizonte
e, em silêncio, perdoei a tua inóspita evasão
enquanto ainda te adivinho em meu coração.
De luto, por nós, construí uma utópica ponte,
que me permite, pelas palavras, ser o farol
dessa luz que tantos ilumina, abençoado sol.
Fotografia: Paula Gouveia
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