sábado, 18 de junho de 2016

Na clarividência do acordar


Perdoa-me!
Só te quis dizer
o que tinha para chorar.
Lágrimas presas
num eterno doer
que despejadas de defesas
fizeram as cordas vocais gritar.
Perdoa-me!
Não te quis desrespeitar,
mas a dor que me invade
rasga-me e fico sem saber
se me afundo na saudade
se me afloro na verdade
de nos ver a definhar
num amor que sabe respeitar
mas que tem de se perder.
Perdoa-me!
Mas ele nunca irá acabar.
Aliás… não há nada a perdoar.
Absolutamente nada.
Apenas a agradecer.
Não me perdoes, estás a ver.
Antes elogia-me o enlouquecer.
Por através da nossa almofada,
fazer de ti a minha fada,
e nela, de prazer, te encantar.
Perdoa-me!
Ou não! Já não sei o que escrever.
Afinal, acabei por teus lábios beijar
Tenho uma mente, alucinada,
que no algodão dessa pele amada,
tudo faz para te dar prazer.
Na tua, por aí andarei até morrer,
a sentir no sangue a fervilhar
palavras de amor ditas no olhar.
E se te elevo a cada adormecer
é na clarividência do acordar
que sei que apenas andei a sonhar.
Porque não te consigo desprender
desta alma que teima em te amarrar.
Perdoa-me!
Só te quis dizer
o que tinha para chorar.

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