sexta-feira, 8 de julho de 2016

Anjo sombrio


Entregue ao silêncio da exaustão,
fecho os olhos para me esquecer.
Apoio-me no muro da recordação
e descanso as asas deste sofrer.

O mar já não afaga o coração,
e o sol já não o quer aquecer.
Resta-me o sossego da solidão
para carpir o motim do perder.

As asas já não detêm a ligeireza
de me guiar ao chão da verdade.
Porém, hoje tenho esta certeza:

Sou um sem abrigo sem o rio
onde desaguava a liberdade
deste alumiado anjo sombrio.

Fotografia: Paula Silveira da Costa

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