sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Mar adentro


Hoje entendo porque te custava o adeus.
Eu partia, de mão dada, com a esperança.
Tu ias embora no adiar de uma certeza.
Certeza que eu sentia nos silêncios meus,
e que tanta dúvida trouxe à perseverança
de acreditar num amor cheio de fraqueza.


Hoje entendo a tua falta de voz existencial.
Eu cresci a viver nesta incompleta liberdade.
Tu foste crescendo nessa hermética alegria.
Alegria que tu escutas num tom superficial,
enquanto caminhas à procura da verdade
que te demonstre a essência de tal voz vazia.

Hoje entendo que esse amor foi a respiração.
Eu parti na angústia de confiar na sua brisa.
Tu ficaste na melancolia de a escutar no mar.
Mar adentro, nos raios de sol, deixei o coração,
para que na memória desta alma poetisa,
tu oiças a gratidão no esquecimento de me amar.

Fotografia: Paula Gouveia

"Mar adentro. Mar adentro, e na leveza do fundo, onde os sonhos se tornam realidade, juntam-se duas vontades para cumprir um desejo. O teu olhar e o meu como um eco, repetindo sem palavras: mais adentro, mais adentro, até ao mais além de tudo pelo sangue e pelos ossos. Mas acordo sempre, e sempre desejo estar morto, para continuar com a minha boca enredada no teu cabelo." - Alejandro Amenábar y Mateo Gil

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