quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sinais de pontuação


Quem me tira este aperto,
de ver no céu o deserto.
Esta fome de querer o que já tenho,
sem me saciar no meu próprio desenho.
Ponto de interrogação onde me entretenho.
Quem me tira esta visão,
que me contrai a respiração.
Esta ansiedade de em ti me perder,
sedento de uma simples gota de prazer.
Reticências de um corpo que insiste em arder.

Quem me alerta para o perigo,
de este amor se tornar um castigo.
Masmorra de um sentir que condiciona.
Uma alma que na fragilidade se aprisiona!
Ponto de exclamação que me impressiona.
Quem me agarra sem eu pedir,
se me vir a escorregar, antes de cair.
Apoio que precisarei na hora de me levantar.
Se algum dia o teu entusiasmo ousar pensar,
numa virgula, antes desta estória acabar.

E por te sentir em cada respirar.
Penso em ti, sentindo-te em segredo.
E por seres quem me faz desejar.
Viajo em ti, cheio de medo.

Quem me ajuda a lidar com a dualidade,
de te viver na loucura e na saudade.
E me equilibre os dois pratos desta balança,
que vacila nesta constante e interior cobrança,
cada vez que me surges na lembrança.
Quem comigo estiver na altura do fim,
verá que te amei como me amo a mim.
Descobrirá o significado da paixão,
nas lágrimas que escorrerão em vão,
na pele destes sinais de pontuação.

E por te sentir em cada respirar.
Penso em ti, sentindo-te em segredo.
E por seres quem me faz desejar.
Viajo em ti, sem pudor e sem medo.


Sem comentários:

Enviar um comentário