terça-feira, 12 de maio de 2015

Cais


Esperei.
Desesperei.
O tempo nada era,
perante a dor da tua espera.
Mas eu esperei.
Oh! Se esperei.
Mas a tua alma não vinha,
deixando a minha sozinha.
O tempo, outrora dado,
passava lento e amargurado,
até se sentir abandonado.
Mas a tua alma não vinha,
ao encontro da minha.
Numa vontade conveniente,
de quem cala consente,
vivendo numa morte dormente.
E eu continuei a esperar,
acreditando nesse amar,
que tudo me soube tirar.
Amparado por uma asa aleijada,
fiz da esperança minha aliada,
esperando por tudo e por nada.
Ao longe, imaginava-te perto.
E do mar fazia o deserto,
desse oásis a peito aberto.
E assim ficámos nós,
afastados por um adeus atroz,
que de mágoa quase me calou a voz.
Mas se pensas que vens e vais,
fica sabendo que não espero mais
pela tua chegada ao cais.

Fotografia: João Santos

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