quarta-feira, 3 de outubro de 2012

És hoje, para mim, tudo e nada


Piscas-me o olho, apressada,
voando para os braços do distinto.
Nesse gesto sinto uma charada,
um tique de um provocar extinto.

Mas a memória já não vive em mim.
Deixaste-a simplesmente morrer.
Partiu bem para lá do fim,
naquele dia em que me fizeste esquecer.

Ficaram nossas faces na almofada.
Reminiscências que, hoje, percorrem o labirinto,
desse momento, que de camada em camada,
me cobre a nostalgia de um prazer faminto.

Luta interior, que batalha num frenesim,
por uma paz, penosa de se obter.
Debilidade que tem um paladar ruim,
mas que se reveste num aroma que me faz tremer.

És hoje, para mim, tudo e nada,
num conflito que insiste em permanecer.
No tudo, o teu sorriso faz-me cair na cilada,
desse nada, que intermitentemente procuras viver.

E na dúvida, vais-me respirando assim,
piscando teu rímel e provocando meu instinto.
Coração frágil, embrulhado em cetim.
Seda brilhante onde em paz me sinto.


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