sexta-feira, 22 de março de 2013

Por um pedaço de pão.



Por um pedaço de pão,
adormecem crianças a sonhar.
Pequena sendo, a palma da sua mão.
Enorme será, o pouco que lá pousar.
Por um pedaço de pão,
seus olhos suplicam de dor.
Imagem que aterroriza o coração,
de quem ainda sente, pelo próximo, amor.

Por um pedaço de pão,
no meu País existem seres humanos a mendigar.
Revoltante, esta forma de privação,
com tanta riqueza passível de partilhar.
Por um pedaço de pão,
sente-se a desgraça de um por favor.
Constrangimento oculto na solidão,
de uma fome, que se revela com pudor.

Por um pedaço de pão,
milhares acordam na ambiguidade,
de querer sair desta ilusão.
E se uns invocam, sem sentir, a solidariedade.
Outros experimentam na ausência da sua razão,
dissabores, apenas, alimentados de crueldade.

Por um pedaço de pão?
Como posso eu não me revoltar,
contra o estado desta nação.
Por um pedaço de pão!
Não posso minha angústia calar,
quando penso nessa simples porção.

Por um pedaço de pão,
acredito que haja muita gente a chorar.
Gente digna que merece mais atenção,
daqueles cuja profissão é governar.

Por um pedaço de pão,
acordam idosos na carência do seu saborear.

Por um pedaço de pão.


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