segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Fechadura da memória


Eu tentei,
dar ouvidos ao coração,
mas o teu não se quis escutar.
Perdeu-se no labirinto da razão,
com medo do destino enfrentar.
Desistindo do amor e do seu lugar,
vagueia imperfeito no meio da multidão,
sabendo que em mim pode encontrar,
aquela Alma companheira que no seu coração,
Eu deixei.

Eu tentei,
seguir o trilho da Verdade,
desde o principio desta infinita estrada.
De mentira, o tudo se fez nada,
plantando em nós as sementes da saudade.
Parece que o futuro sofreu de ansiedade,
e permitiu que a vida fosse aprisionada.
Caminhando, vai-se libertando na vontade,
sentindo a afeição genuína que em si marcada,
Eu deixei.

E assim partiu, numa razão cega que lhe mentiu,
um amor que me levou pela mão e depois fugiu.
Para ser. Para existir. Para viver.

Eu tentei,
e percebendo os contornos desta história,
deixarei sempre entreaberta a tua porta.
Ao longe, espreito a definição dessa trajetória,
desejando-te a Felicidade numa angústia que corta.
E nesta visão que de respeito se torna absorta,
termino esta canção numa agraciada glória.
Em ti, ficará o sangue de uma promessa morta,
que nesta, infinda, fechadura da memória,
Eu deixei.

E assim partiu, numa razão cega que lhe mentiu,
um amor que me levou pela mão e depois fugiu.
Para ser. Para existir. Para viver.

E assim partiu, numa vontade que lhe retraiu
o amor, que seu coração, em liberdade, descobriu.
Para ser. Para existir. Para poder viver.

Simplesmente partiu…

Fotografia: Paula Gouveia

Sem comentários:

Enviar um comentário