terça-feira, 27 de março de 2012

Pela calada


Dizes-me que o fazes pela frente,
ao contrário de outros que pela calada,
ao trair, por um amor carente,
se deixam cair na cilada.

Se o fazes de forma inteligente,
mostras uma acutilância gelada.
Sangue frio de uma calma aparente,
perturbado, por uma alma fuzilada.

Dizes-me que o fazes pela frente,
como se me cantasses uma balada.
Entoando notas numa voz transparente,
inspirada pelas mentiras dessa pauta pincelada.

Tela onde pintas uma relação enganada,
arrastada por um sofrer diferente.
Sentimentos que nessa superfície esticada,
expressam um amor forte e irreverente.

Dizes-me que o fazes pela frente,
segura pela falsidade ancorada.
Perdida num passado torrente,
onde a paixão se desgraçou num nada.

Vazia de um desejo recorrente,
domesticado por uma consciência pesada.
Tornou-se da loucura parente,
para viver numa intensidade selada.

Dizes-me que o fazes pela frente!
Mentes de uma forma velada,
encobrindo no teu meio ambiente,
um amor onde outrora foste amada.

Tempo que se tornou absorvente,
de tormentas, na tua vontade criada.
Empenho perdido em tua mente,
numa inconstante luta amargurada.

Dizes-me que o fazes pela frente.
sorrio de forma inesperada,
pois comigo traíste-o frequentemente,
de dia, à tarde ou de madrugada.



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