segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Sorrisos rasgados de medo


Ultimamente tenho pensado
tanto neste assunto nauseabundo,
que me pergunto como é que a humanidade
pode descer a um nível tão fundo.
Revelo-vos, por aqui, a minha perplexidade.
A violência doméstica parece estar na berra,
seja ela de natureza física ou psicológica.
Todos os dias saem noticias deste tipo de guerra,
como se fosse uma doença bacteriológica.
Mas que tipo de sociedade é esta,
em que as mulheres são pertences de um alguém.
Mas será que na nossa floresta,
o ser humano não entende que ninguém é de ninguém.
Eles matam ao tiro ou à facada,
para virem os vizinhos vociferar
que nunca desconfiaram de nada.
Inventam-se acidentes ou envenenamentos,
sem na verdade, pouca gente se preocupar,
na génese deste tipo de comportamentos.
Quando nesta putrefacta sociedade existe
todo um tipo de chantagens e persuasões
camufladas em sorrisos rasgados de medo.
Não posso deixar de me insurgir e sentir triste,
com todo este tipo de inusitadas situações,
que se começam a vulgarizar
como se, a vida, ou a mulher, fosse um brinquedo.
Confesso, isto começa-me a perturbar.
Bem sei que é uma violência sem género,
e que cada vez mais há exemplos no masculino.
Mas também sei que o seu ímpeto é muito mais austero,
na vida de tantas mulheres e na definição do seu destino.
Leio que é algo que já se verifica no namoro,
e que começa a tomar contornos alarmantes.
Mas que educação é esta, vestida de dormência.
Será que os exemplos em casa são assim tão abundantes?
E se isto começa a acontecer na adolescência,
quantas raparigas já viverão num silencioso choro.
O ser humano não é educado para sentir rejeição.
Mas porra, será que o conceito de Liberdade,
é assim tão difícil de se entender.
Basta um pedido de divórcio ou uma mera separação,
para de imediato, o tal amor supremo de autenticidade,
se revelar no monstro que a ele o quererá prender.
É a velha história do amor e do apego.
O amor diz: quero que sejas feliz,
enquanto que o apego grita: quero que me faças feliz.
Quero. Posso. Mando. Como se o outro fosse seu.
Mas que raio.  Respeitem-se. Respeitem o outro.
Aquele, ou aquela, que da sua vida tanto vos deu.
E pronto, desculpem lá o desabafo,
mas apeteceu-me cuspir esta bola de pêlo.
Que um dia, esta vergonha tenha um ponto final no parágrafo,
e que sem utopia, termine de vez este tipo de flagelo.
Amar é muito mais que estar com.
É muito mais que respeitar.
É muito mais que ter saudade.
É sentir dentro de si o dom,
de ao outro tudo saber dar,
na solidão da sua própria liberdade.
Amem-se.

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