quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Toda a água do mar não chega


Toda a água do mar não chega,
para aliviar o peso que trago no peito.
Apenas a luz (pouca) do sol me aconchega,
quando no horizonte te revejo no meu leito.

Preso a um sentimento puro de amor,
que perante o respeito se desapega.
Vivo, vazio e doente, neste constante ardor,
que me condiciona o respirar e desassossega.

Tornei-me amigo intimo da dor,
mesmo que não a deseje por direito.
Vale-me a clarividência e o rigor,
de, em ti, amado, me sentir perfeito.

Estou cansado deste estado que já não carrega,
a beleza de uma alma desenhada a preceito.
Porque em mim, vivo numa lembrança que cega,
mas que sabe e sente que será sempre o eleito.

Fotografia: Paula Gouveia

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