segunda-feira, 24 de novembro de 2014

As filhas da Esperança


Acordo de noite, suado, a pensar,
nos sonhos que me invadem sem avisar.
Deixam-me momentos. Sinto a pele a arrepiar,
na certeza de que o ontem foi um mero suspirar.
Lembro-me de ti, e recordo os meus tempos de criança,
quando em mim, cultivava, o teu nome, querida Esperança.

Hoje, sei que tens a coragem e a indignação,
como filhas perante a tua, mais intima, definição.
E se, com uma, não devo aceitar as coisas como estão,
com a outra, aprendo, que a renovação está na minha mão.
Lembro-me de ti, e recordo-me da nossa dança,
quando em mim abraçavas o sabor dessa mudança.

És tão determinada perante as amarguras da vida,
que me agarro a ti, interiormente, como ponto de partida.
E avanço, tentando almejar a felicidade perdida,
e não perder mais tempo numa, passada, mágoa sentida.
Sinto-te em mim, e apesar de toda a minha perseverança,
não me posso iludir, pois sei que o meu nome, para ti, é Lembrança.

Fotografia: Paula Gouveia

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