quarta-feira, 30 de setembro de 2015

De amor desenhei a minha cruz


Já não ouço o som do vento,
a indicar-me o tal caminho.
Nem nas falas que invento,
quando contigo falo sozinho.

Na quinta, pela última ceia,
rodeei-me de amigos à mesa.
Na sexta, dei ao ataque boleia,
e fiz da familia a minha defesa.

Já não ouço nada do que sinto,
nestes tímpanos estilhaçados.
Mas vejo um coração extinto,
no sangue destes olhos magoados.

E se de amor desenhei a minha cruz,
da sua dor recuperei para a vida.
Incompleto, procurarei encontrar a luz,
que me (que te) indique a verdade sentida.

E assim, acordei, hoje, num tempo dormente,
que deixou de correr, de fora para dentro.
Sem paz, seguirei apregoando lentamente,
fazendo do amor e da esperança o meu epicentro.

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