quinta-feira, 12 de julho de 2012

A vida é demasiado passageira


A vida é demasiado passageira,
para andarmos a fugir dela,
e quando tentamos recuperar o tempo perdido,
ou ter vontade de fazer o que não fizemos no passado,
o presente prega-nos uma rasteira ao futuro.
Creio que esta é uma passagem traiçoeira,
apesar de compensadora, valiosa e bela.
E na ilusão de um amanhã ainda não vivido,
julgamos que o agora está conquistado,
esquecendo-nos de o viver, deixando-o no escuro.

Mas claramente, este é um sentimento de algibeira,
que tiramos e voltamos a guardar, a cada rasgadela
de dor, e para a qual o nosso coração não foi construído.
Daí que nos refugiemos na máxima de um pesar curado,
pela passagem de um tempo, desgostoso e muito duro.
Só no sofrimento e na tristeza, sentimos nossa alma carpideira,
pronta a revelar em nós, sentimentos que o medo congela.
Ardis escondidos para afastar esse desagrado dorido,
e que nos permitem continuar num existir desafogado,
mesmo que, de quando em vez, nos derrubem o muro.

Fortaleza que tijolo a tijolo, e à nossa maneira,
construímos, sem portas, mas deixando aberta uma janela.
Ponto de retorno de memórias enriquecido,
ao qual voltamos num habitar amargurado,
quando por ela desejamos espreitar, e relembrar esse passado tão puro.
Uns partem. Outros nascem. Quer se queira, ou não queira.
Clareza de espirito, que gostaríamos de passar sem ela,
quando aos nossos, chega a hora de enfrentar, aquele bicho escondido,
que apesar de ser pelo nosso corpo alimentado,
se torna ingrato, e não nos avisa da chegada desse momento cruel e obscuro.


Sem comentários:

Enviar um comentário