segunda-feira, 9 de julho de 2012

Aquela noite


Conhecem-se há anos.
Conhecem-se muito bem.
Conversam ao cheiro das velas,
que ela delicadamente colocou pela casa,
e põem os olhos no que interessa.
No corpo de cada um.
Falam silenciosamente, desmistificando alguns mitos urbanos.
Sorriem, caprichosamente, receando ser escutados que alguém.
Num longo pestanejar, olham-se, deitando sua vontade entre aquelas tábuas paralelas.
Encostam-se devagarinho, aninhando-se em braços feitos de asa.
Beijando cada pedaço de pele, em paz, sem pressa,
saciando a adrenalina que, sentida em silêncio, lhes era tão comum.

Conversam sobre corpos, almas, filhos, maridos, mulheres e amantes.
Trocam o olhar de quem sente que, nem uma só vez, se voltarão a juntar por aí.
Porque o seu amor é enorme, incondicional, irrequieto e avassalador.
Riem da vida e de si, abraçam-se com o olhar, e encostam-se nas almofadas, bordadas.
Depois, quando a piada convida ao carinho,
o ar torna-se mais leve e os corpos tremem de prazer.
Decidem entregar-se, escutando na brisa do seu aroma, o chamamento dos seus lábios ofegantes.
Adoram beijar-se. Adoram tocar-se. Gritando para seus corações, como é bom estar ali.
Como é bom poder amar quem se quer, e perceber naquele momento, o significado da palavra Amor.
Duas almas que se entregam, contra tudo e contra todos. Duas almas apaixonadas.
O tempo para, correndo mais rápido que o desejado, naquele momento que trilhava o seu caminho.
O tempo avança, ficando parados, sem saber, como é que tanto amor, os acabará por fazer sofrer.

Se ouvissem o coração um do outro,
as suas veias murmurariam,
o que a dor da distância já lhes tinha dito tantas vezes: Amo-te!


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