terça-feira, 17 de julho de 2012

A falácia do espantalho


Tal qual, como um espantalho,
boneco feito de roupas velhas e chapéu,
que usa os trapos e a palha como agasalho,
permanece apático aos olhos do céu.

Ela utiliza-o como seu porto de abrigo,
quando necessita de dar guarida à excitação.
Esquecendo-se que naquele disfarce de mendigo,
existe alguém, que de noite, se cansa com tanta exaltação.

Aos olhos do sol, ele queixa-se com um carvalho,
centenário, sobre o facto de ser apenas um troféu,
para aquela cotovia, inteligente, que faz de si o seu galho,
e que provocando-o no seu linguajar, nunca acaba por levantar o véu.

Sobre o pestanejar da lua, ela quere-o consigo,
para lhe mostrar, no escuro, a sua camuflada atração.
Sabendo que ele sofrerá, quieto e em silêncio, o eterno castigo,
de um pousar calculista, trilhado para aliviar a sua erotização.

E quando a madrugada cerra, acompanhada pelas gotas do orvalho,
ela foge, voando sem avisar. Como se ele fosse o réu,
dessa fuga desesperada, que na desculpa procurará um atalho,
para encurtar o fim de um amor que nunca foi o seu.

É a falácia do espantalho que vive contigo,
quando debandas, perdida em aflição.
Grita o homem de palha, inerte no seu jazigo,
indefeso, perante a dor do seu coração.


Sem comentários:

Enviar um comentário