terça-feira, 12 de junho de 2012

Amor próprio indecente


Começo a perceber a natureza,
desse teu eu humano.
Caráter que só se ama a si,
e se esconde num amor próprio indecente.
Essência estabilizada na incerteza,
de um escrúpulo obscuro e insano,
como eu, em tempo algum, assisti.
Consciência que nos rouba um amor irreverente.

Vives num embaraço constante,
dominada por pensamentos perturbadores.
Ansiosa pelo momento,
em que te libertes dessa jaula, dessa prisão,
que te desprende numa frieza inquietante,
acalorada por desejos desorientadores,
que te gelam a decisão e te invadem no lamento,
de continuamente me afastares de teu coração.

E neste fingimento do meu amor próprio,
neste bem estar cheio de miséria,
assumo a dependência do meu vicio,
que em ti procuro sacear.
Amor sentido, voraz, mas impróprio,
destinado a não viver uma vida séria.
Condenado a ser esquecido num hospício,
sem teu amor até à morte poder amar.


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